RG:
Queria puxar agora outro filme, que talvez tenha também
uma dificuldade de resposta, e que gerou uma discussão
ao longo do ano sobre ele saber fazer bem ou não, deixando
a dúvida se é um cineasta talentoso ou se abusa de subterfúgios
fáceis para trabalhar seu universo, enfim, estou falando
de Cláudio Assis e de seu Baixio das Bestas. Em alguma medida é um caminho um pouco natural
para o que estamos discutindo. Eu mesmo confesso que
vi o filme uma vez só, no momento em que vi não me pareceu
um filme em especial interessante, ao mesmo tempo reconhecendo
algumas qualidades que o Cláudio Assis tem como realizador,
em especial no trabalho de um certo comportamento de
atores, de diálogos... Mas ainda assim fico incomodado
com a extrema recorrência de situações-limite para tentar
criar impacto. Mesmo recusando o filme como digno de
maior interesse, e até pela recorrência de discussões
que tive, tanto que alterei no quadro de cotações as
estrelinhas que dei pro filme (de 1 pra 2), parece-me
um filme que, apesar de não ser feito por um dos mais
instigantes cineastas brasileiros, de alguma forma ele
consegue construir um objeto que cria certas instabilidades
interessantes. Isso não se deve nem aos escândalos das
cenas – e as cenas de escândalo são as mais mal encenadas,
acima de tudo aquelas em que ele só precisa de um carrinho
no teto – nem a um certo bem-fazer, um talento de artesão.
EG: Minha crítica negativa é justamente contra a
qualidade que as pessoas acham nesse filme: “uma fotografia
linda do Walter Carvalho, como os dois são afinados,
planos maravilhosos, quadros maravilhosos...”. Só que
eu acho isso um defeito em relação ao Amarelo
Manga, onde a estilização não excessiva do quadro
estava a favor do que ele queria propor. Em Baixio
das Bestas, há um conflito, é uma beleza construída
em exagero, e isso freia a crueldade, o choque que ele
quer efetuar. Quando ele bota o cara estuprando a prostituta,
espancando ela em plongé,
ou quando tem a cena com a Dira
Paes e ele vira a câmera pras sombras, uma “estilização
da violência”, acho que isso enfraquece a potência do
filme, algo que o Amarelo
Manga não faz.
DC: Embora
eu não goste de Baixio das Bestas, eu o acho muito superior
ao Amarelo Manga
justamente porque ele não se preocupa apenas em se divertir
com o mundo cão, como no filme anterior, que era muito
mais um olhar negativo, um olhar moralizante, um certo
sarcasmo que eu não vejo no Baixio,
onde ele acredita muito mais nas questões que está levantando.
Ele sofre muito mais, o filme passa um certo pathos,
um certo sofrimento. Ainda que ele tenha um domínio
de cena, seja na construção visual, seja na organização
para os atores compreenderem o papel, sinto falta ainda
de me ligar de fato aos personagens do Cláudio Assis.
Ele pretende que isso aconteça e não consegue.
TM: Ele tem
um distanciamento absurdo de tudo que ele filma, seja
no calculismo da mise en scène, seja nos personagens.
DC: Esse
distanciamento eu ainda confundo com uma superioridade
em relação ao mundo que ele está apresentando. Já que
ele quer mostrar o que o personagem viu, mesmo que seja
pra brincar com o personagem, ou para sofrermos com
a vileza desse personagem, você precisa ter uma identificação
mínima com ele.
TM: Aí que
eu acho que o Baixio das Bestas acaba sendo pra mim mais
“nocivo” do que Amarelo
Manga, porque este tem um certo ar, como você falou,
sarcástico, mas em alguma medida lúdico e caricatural.
No Baixio ele
tenta uma caracterização mais próxima do realismo, e
aí ele complica as coisas mais ainda, porque a visão
de tudo é a mesma, só que ele se aproxima do realismo
de um dado universo que é localizado e que é diferente
daquela crônica que ele faz em
Amarelo Manga (aquela coisa com as cores saturadas,
você vê aquilo como uma caricatura). O efeito de construção
em Amarelo
Manga
é perceptível na superfície. No Baixio
ele é mais subterrâneo.
BB: O Baixio me incomoda porque eu acho que ele sabe mais o que está fazendo,
ele está tateando menos. Todos aqueles movimentos de
câmera são muito mais precisos, sempre tem um enquadramento
lindo, isso me incomoda exatamente nesse sentido de
que todo esse distanciamento esquisito, esses personagens
condenáveis são muito bem arquitetados. Aí chega num
ponto em que não me desperta nada.
EG: Amarelo Manga é mais espontâneo, é muito mais material bruto.
RG: Acho
que espontâneo não é exatamente palavra para utilizar
falando de Cláudio Assis. Se existe um cineasta ao qual
Cláudio Assis deve muito no cinema brasileiro é o Ruy
Guerra, nesse sentido da estilização ao ponto da frieza.
E aí exatamente: a equação que ele tenta criar entre
emoção e catarse vindo desse tipo de arquétipo, de estilização,
de fato ele não consegue, como o Ruy Guerra penou em
conseguir.
EG: Mas quando
eu falo que o Amarelo Manga é mais espontâneo que o Baixio das Bestas, é porque de fato ele
é menos estiloso, mas sobretudo
porque é mais direto.
LCOJr: O Cláudio Assis tem um sonho de mastermind. Ele
quer um controle, ele gostaria de fazer um filme com
mestria sobre aquilo tudo.
TM: Ele está
cada vez mais parecido com Lars
Von Trier, no sentido de como
controla o mundo que cria.
DC: Acho
que está mais para Michael Haneke.
RG: Tendo
a achar Baixio superior a Amarelo Manga. Acho que o filme tenta ser mais propositivo
do que simplesmente criar um mundo de horrores, que
de certa forma ele acaba construindo. Certas cenas têm
uma força especial em si mesmas. É uma vitalidade no
próprio gesto de filmar, de construir uma densidade
da ficção existindo lá. Cito especialmente as cenas
do Caio Blat com a mãe, com
ele deitado lá naquele sofá, ou as cenas daquela menina
sozinha, caminhando, ou na casa daquele sujeito que
cava aquela fossa. Nessas cenas o filme consegue cativar
uma situação que não é só algo construído pra gerar
escândalo. Nesse sentido o filme constrói algo que é
mais complexo, não se vende facilmente. Porque, por
exemplo, A Casa
de Alice é um filme que a princípio constrói uma
dramaturgia mas, ao contrário, tudo que ele vai construir
é para vender depois como escândalo e como miserabilismo
existencial: no fundo, tudo aquilo que está sendo construído
é um universo de personagens mesquinhos, para você reduzir
uma aparente riqueza de personagens e de características
a um teatrinho, a um cirquinho muito vagabundo. No Baixio das Bestas, eu consigo ver que aquela personagem daquela menina
não consegue se vender tão facilmente, no final do filme
ela continua um mistério. E a fixação que aquela mãe
tem de fazer ainda os desejos daquele filho que caga
para ela de certa forma é cativante, e eu não vi trabalhado
dessa forma no cinema brasileiro. Então ainda que seja
exasperador ver a facilidade com que Cláudio Assis recorre
a certas situações de escândalo, que são sempre as piores,
com péssimas soluções de cenário e de câmera, tem aí
um filme com algumas coisas interessantes.
LL: Acho
interessante que as cenas que você citou são aquelas
em que a estilização da fotografia menos aparece, são
as cenas mais simples.
RG: Mas ao
mesmo tempo eu acho o filme inteiramente estilizado,
basta a gente ver aquele primeiro plano para perceber
que não é um filme iconoclasta, como muitos querem crer.
O Cláudio Assis é totalmente dependente do moralismo
para fazer o filme que ele faz. Tanto é que ele mostra
aquelas pessoas se masturbando para a menina bonita
e o plano final do filme acaba na cruz da igreja. Tentam
ver o Cláudio Assis como uma criança terrível, que tenta
acabar com todos os valores, porque ele bota um cara
em Amarelo
Manga
lendo Nietzsche no banheiro... Mas ele é o oposto
do Nietzsche, ele precisa de todos aqueles valores inclusive
para criar o escândalo.
Na questão do domínio em relação ao universo retratado,
poderíamos passar a um outro filme, Santiago,
que causou reações distintas na revista. Em que medida
aquilo é uma sessão de psicanálise, de controle ou de
descontrole em relação ao que foi filmado? É por aí
que muitas pessoas defenderam o filme como um exercício
de sinceridade, quando na verdade ele pode parecer o
oposto, pode parecer a gargalhada final em relação a
um universo dado e inclusive ao maneirismo do controle
ou do descontrole da instabilidade e da sinceridade.
DC: O filme
é super controlado.
TM: O que
eu acho interessante em Santiago é que essas respostas não vêm
fáceis. Não é fácil dizer em que medida há controle,
em que medida há descontrole, em que medida há essa
gargalhada final, ou não há. Acho que está tudo lá,
e pra mim o filme causa uma certa interrogação. Em determinados
momentos eu enxergo claramente o discurso do João Moreira
Salles, em determinados momentos eu vejo sim uma sinceridade,
no sentido de colocar a cara a tapa, e o filme oscila
entre todos esses aspectos, não consigo fechar uma conclusão
sobre ele. No decorrer, apesar dos momentos ruins, ele
consegue ser um processo interessante de reflexividade
daquela narração com as imagens – pela própria distância
que existe da narração com as imagens, e na relação
temporal também.
LCOJr: Eu achei o retorno dele àquelas imagens
o mais fácil possível. Ouvi dizer que o João Moreira
Salles vai fazer um filme agora sobre a viagem da mãe
dele à Índia, parece que esse é seu próximo projeto.
Se ele realmente estiver levando a cabo esse projeto,
Santiago terá inaugurado uma fase em que
ele vai se tornar um Wes Anderson
par défaut. É
um homem criado na redoma, criado na aristocracia anacrônica,
na família Tenenbaums, tentando sair da bolha, tentando lidar com esse
imenso arquivo, com essas malas que ele fica carregando
(as imagens de Santiago seriam como as malas que os personagens
de Viagem a Darjeeling carregam), com essas quinquilharias de aristocracia,
com a culpa. E tentando descobrir o mundo, tentando
furar a membrana para voltar ao mundo se livrando da
culpa, meio que fazendo a catarse com o passado de aristocrata,
com a criação dentro da bolha.
TM: Mas ele
traz isso pra dentro da ficção, da imagem, pra dentro
do cinema. Ele poderia ter esquecido, mas traz para
o meio da discussão.
BB: Pra mim
o paradoxo do filme, embora eu goste, é que ele tem
toda uma idéia de retomar um material de 15 anos antes,
e no final das contas, tenho essa impressão, ele faz
o mesmo filme que faria 15 anos atrás. Tem um negócio
na narrativa que me incomoda que são as falas “Naquela
época eu teria feito... naquela época eu era assim...”.
Ele não se mostra nem um pouco diferente. Tem aquela
nobreza de que ele não consegue se livrar, aquele jeito
aristocrático de filmar. Os travellings
que ele disse que ia começar fazendo, ele começa fazendo.
Não se livrou daquilo. Acaba sendo uma reflexão um pouco
falsa, não chega a lugar nenhum.
TM: Eu acho
que o filme te diz tudo isso, ele traz essa nobreza
que não conseguiu abandonar. Todas as contradições do
personagem João Moreira Salles, que é o personagem principal
do filme, todas essas contradições estão expressas no
decorrer do filme, por vontade dele ou não, o importante
é que estão.
DC: Eu falei
na crítica que o Santiago é o mcguffin,
mas eu diria mais: o filme é o mcguffin.
Tem algo acontecendo, daqui a vários filmes talvez a
gente entenda.
RG: Mas a
questão que me incomoda profundamente no filme é que
existe uma certa vertente que acha que o cinema é uma
arte especial justamente porque lida com uma diversidade
a princípio não controlada, com o fato de que a partir
do momento em que o diretor liga a câmera há uma série
de coisas que ele não escolheu mas que estão lá porque
ele está filmando o mundo. Isso pode não ser tão real
do ponto de vista das ficções e não é real das ficções
feitas em estúdio, mas é acima de tudo nas ficções feitas
na rua, por exemplo, e certamente é mais real ainda
nos filmes que entram na categoria que a gente chama
de documentário. O que faz com que a arte de ser diretor
implique uma negociação com o real, ou seja, uma negociação
com a forma. Você não é um escritor para o qual toda
forma instituída vem da sua cabeça e é colocada no papel.
Ao contrário, é uma negociação: existe o que o mundo
dá e existe como você modula esse mundo. E o que eu
sinto em Santiago é que, para um material bruto
que o cara não conseguiu montar há quinze anos, o produto
final aparece como um antídoto para não precisar lidar
com aquele material todo. Toda uma necessidade de criar
pequenos exercícios de silêncios com essas pontas pretas
que aparecem imediatamente com essa idéia de um preto-e-branco,
de uma certa placidez da forma, e que no fundo me pareceu
como um verdadeiro exercício de nada acontecendo. Eu
sempre impliquei muito com o João Moreira Salles, que
sempre me pareceu um cineasta extremamente competente,
porque ao mesmo tempo em que existe o peso de que vocês
falavam, da situação social da família dele, ao mesmo
tempo existe a coisa de ele próprio conhecer extremamente
a história do documentário e quando ele vai fazer um
filme se imbui de todo um universo que existe previamente
a ele. Santiago
a princípio não parte de um filme-base, ao menos
não que eu saiba. Mas mesmo assim ele constrói a forma
não no sentido de criar uma forma problemática e estranha
– que é, por exemplo, a idéia do Jean Rouch,
ele não sabe o que vai filmar, e a idéia de estrutura
dramática, de como o filme progride, dá 700 nós na nossa
cabeça justamente porque é uma forma problemática. Santiago
está nas antípodas disso, porque nos primeiros quinze
minutos a gente sabe exatamente para onde o filme vai,
ele consegue construir uma forma de ritmos, uma forma
de atmosferas que nos conduz até o final.
LCOJr: É exatamente nesse ponto que eu o comparo
ao Wes Anderson: a própria
história do documentário de uma hora pra outra se torna
uma espécie de playground também. Você brinca ali e
não vai sair, não vai transpor o território já conhecido
e familiar. Tudo se dá nesse terreno do cara que quer
pular o muro da mansão, mas ao mesmo tempo essa é a
mansão do cinema documentário, e ele não tem como fugir.
LARM: Mas
eu acho que há também uma má vontade nisso tudo. Porque
Santiago,
num certo sentido, é como O
Fim e o Princípio, do Coutinho: é quase uma aplicação
de uma determinada idéia quase obsessiva. No caso do
Coutinho é essa idéia de você fazer da conversa, ou
fazer do contato com a pessoa, um ponto de partida e
um fim, e isso aí de repente virar um beco sem saída,
ou alguma coisa que precisa ir pra outro canto, porque
está chegando a um esgotamento. Pelo menos no caso do
filme do Coutinho me pareceu isso. E, no caso do Santiago,
me parece uma aplicação mesmo dessa idéia do João Moreira
Salles em relação ao outro, em relação a essa coisa
de que você não tem acesso, ou que você tem sempre um
olhar que no final das contas diz muito mais de você,
etc, do que do outro... E, aí, nesse sentido, me parece um ponto máximo, vamos dizer assim, não sentido de valorar,
com esta expressão, “ponto máximo”, mas um ponto de
crise, que ele tentou, de uma forma ou de outra, solucionar
nesse filme, que é se voltando pra si mesmo.
LCOJr: Mas Nelson Freire já era isso.
LARM: O Nelson Freire já era isso, mas o Nelson Freire ainda é o outro. O Nelson Freire é isso, mas intermediado pelo outro. Esse é uma tentativa
de falar de si mesmo. E ele pode ter falado mal, ou
bem, mas eu acho que há uma grande má-vontade em se
reconhecer que ele pelo menos está fazendo isso.
LL: Mas eu
discordo que ele esteja fazendo isso em
Santiago. O meu problema
com Santiago é
que ele se coloca em crise, só que pra mim é um filme
super cerebral.
LARM: Mas
qual o problema em ser cerebral? Eu acho isso corajoso.
LL: É um
filme em que cada palavra foi muito pensada, cada imagem.
LARM: Mas
qual o problema? Cinema é assim.
LL: Mas aí
a crise não existe de fato.
EG: É uma
crise pensada.
LARM: Tanto
é uma crise que é um filme
TM: É uma
crise intelectual. É um filme de busca, uma busca encenada
LCOJr.: Ele não encara a real dimensão do intervalo
entre o momento em que ele fez aquelas imagens e o momento
em que ele está se aproveitando daquelas imagens.
LARM: Mas
o filme é isso! Ele trabalha isso. Ele pode trabalhar
bem ou mal, mas o filme trabalha isso. E ele não se
coloca falsamente como processo. Evidentemente não é
um processo. Ele está usando o material e está fazendo
um filme de ficção, vamos dizer assim, entre aspas.
DC: Não,
é um filme moralista, é um filme ensaístico.
LARM: Eu
não acho que isso seja retórica, isso faz parte de um
discurso que o filme constrói, que é isso que eu estou
dizendo, que é uma aplicação de uma tentativa de pensar
um problema que pra ele é obsessivo, essa questão de
cada vez mais falar de sua própria classe, falar do
seu próprio universo, e de repente ele é atacado porque
ele fala de sua própria bolha.
DC: Mas ele
não fala!
Gilberto Silva
Jr.: Ele tenta refletir uma postura humilde.
LARM: Ele
não coloca como postura humilde, ele coloca como uma
postura arrogante até o fim, e é isso que eu acho legal
no filme. Ele reconhece que essa arrogância não tem
solução e o filme é justamente parecido com o do Coutinho
porque ele não vê saída pra isso.
RM: No filme
está lá no off dele de 2007, que na época ele queria fazer um filme bem
próximo do mordomo e não tinha um plano próximo, que
ele só conseguia filmar de longe.
DC: E vocês
acreditam que ele solucionou alguma coisa?
LARM: Mas
ele faz isso... É igual F For Fake, mal
comparando. As coisas são histórias.
DC: Não,
não é não. Porque o tema dele não é ele, o tema dele
não é o mundo dele. O tema dele é o documentário! Ele
está dizendo: olha como eu errei...
Ele faz um discurso quase religioso, parece
aqueles ex-viciados: eu errei, eu me purifiquei, não
façam como eu fiz, façam documentário como eu faço hoje.
Não façam documentário como eu fiz esse.
TM: Não!
O filme é justamente: a possibilidade de fazer esse
filme hoje não existe. Esse filme não existe hoje também.
DC: Ele está
falando do Santiago. Ele quer falar dele e fala do Santiago.
Ele quer falar do Santiago e fala do documentário. O
filme que ele tinha pra fazer, que ele pretende fazer
e que ele acaba sem fazer, é um filme sobre a bolha.
Mas não, ele faz um filme sobre o documentário. Ele
faz um filme sobre o documentário, usando o Santiago.
E o filme sobre o documentário é péssimo.
LARM: Pode
ser péssimo ou não. Mas nisso ele consegue fazer o que
ele se propôs. Então não é um MacGuffin, é um filme.
TM: No aspecto
sanfona que o Júnior falou, na verdade eu acho interessante,
porque eu acho que ele achata os sentidos, que ele sobrepõe.
Por isso que eu falei de interrogação, porque pra mim
são todas essas coisas e eu acho que o filme causa uma
certa indefinição. Isso pra mim na verdade é
interessante
LARM: Eu
acho um filme bastante honesto. Não acho um filme mentiroso.
TM: O personagem
principal do filme é ele e eu acho que ele, enfim, não
esconde isso, e se coloca em crise no final. Ele não
tem uma solução pra ele, cineasta. Porque eu acho que
se ele tivesse uma solução pra ele cineasta hoje, ele
não precisaria retomar essas imagens, ele simplesmente
faria o filme perfeito.
Parte 1: Sociedade
em descontrole: Tropa de Elite, o filme e o fenômeno
Parte 3: Jogo
de Cena
Parte 4: Um novo
gênero? / Ficções cansadas
Parte 5: Cão
Sem Dono
Parte 6: A juventude
brasileira não se pertence
Parte 7: Justo uma
conversa: Conceição
|