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Nossa tarefa aqui
na Contracampo � simples: pensar o cinema, esteja ele no circuito
exibidor, nos festivais, em mostras retrospectivas, nas locadoras
de DVD, na cinemateca imagin�ria que cada um cria com seus
filmes de cabeceira, em suma, onde quer que o cinema decida
nos provocar.
A atual edi��o n�o poderia fornecer disso um retrato mais
fiel. Temos, em primeiro lugar, o balan�o do ano de 2007,
desde nosso tradicional Cinema Falado, onde discutimos os
filmes brasileiros estreados comercialmente no ano passado,
at� as listas de prediletos (da reda��o e, � claro, dos leitores)
e os artigos com discuss�es mais pontuais. Temos a presen�a
em artigo de um grande filme como Onde
os Fracos N�o T�m Vez � que marca, como se tem dito por
a�, o retorno dos irm�os Coen �
e de outro n�o t�o grande, Sweeney Todd, por�m
igualmente importante na trajet�ria de seu diretor, Tim Burton.
E temos tamb�m a continua��o do dossi� Jodorowsky,
come�ado no n�mero anterior com uma variada fortuna de documentos,
e agora ampliado pela contribui��o dos nossos pr�prios redatores,
em artigos e em entrevista com o realizador.
Em outra frente, temos textos e entrevistas originados em
festivais, que são sempre espaços privilegiados
para reflexões. De um lado, nossa primeira experi�ncia
no Festival de Rotterdam, cuja sele��o competitiva consolidou certas tend�ncias
do cinema-de-festivais (o �world
cinema�) e fez aflorar assuntos j� latentes em nossos debates
internos. De outro, duas entrevistas realizadas na �ltima
Mostra de Tiradentes (que teve cobertura di�ria no Plano Geral):
uma com um velho conhecido e querido nosso, Carlos Reichenbach,
por conta de seu extraordinário
Falsa Loura (possivelmente
seu filme mais forte desde Alma
Cors�ria), e outra com o estreante em longa-metragem Ivo Lopes Ara�jo, de S�bado � Noite. E, para completar, temos
reminisc�ncias � ainda, sempre � do Festival do Rio e da Mostra
de S�o Paulo, que no ano de 2007 trouxeram filmes
particularmente prof�cuos para nossos questionamentos
em torno do cinema contempor�neo.
Esta edição marca ainda a estréia de
um espaço, na seção de artigos, dedicado
a textos publicados em inglês. Trata-se de uma decorrência
natural da nossa interação com um pensamento
sobre cinema que envolve leitores e colaboradores de outros
países. Para dar início a essa nova empreitada,
dois textos: um artigo sobre Apichatpong Weerasethakul, a
partir da vídeo-instalação que ele apresentou
no último festival de Rotterdam, e uma carta de Robert
Emmet Sweeney contando como anda o panorama cinematográfico
em sua Nova York, desde a atual retrospectiva Manoel de Oliveira
(a primeira a acontecer nos EUA) até a situação
da crítica (que enfrenta problemas em nada distantes
dos nossos).
Na se��o de DVD, um acerto de contas necess�rio: filmes que
n�o receberam cr�tica aqui na revista na �poca de seus lan�amentos
no circuito, mas que sem d�vida merecem nossa aten��o e admira��o.
Zod�aco, por exemplo,
� nada menos que o segundo lugar na lista de melhores do ano
dos leitores e est� em tr�s das listas individuais da reda��o.
Mas os textos da se��o s�o menos o reparo
de uma neglig�ncia do que a necessidade de escrever
sobre filmes que nos instigam (n�o � isso o que importa, no
fim das contas?).
Esperamos que os leitores constatem, já nesta edi��o,
um f�lego renovado. E que notem o refor�o de um lado especulativo
e interrogativo nos textos que comp�em a se��o de artigos.
� papel da cr�tica, tamb�m, propor sempre novos olhares, nunca
se acomodar nos conceitos j� anteriormente propostos e aceitos.
Devemos sempre procurar o passo seguinte, a palavra seguinte
(sobre os mesmos assuntos de antes ou sobre novos assuntos).
Por todos os meios necess�rios.
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