ARQUIVO DA EDIÇÃO DE MAIO DE 2005.

ARTIGOS
A Sentinela, de Arnaud Desplechin (exibição na TV5)
por Tatiana Monassa (10/02/2005)

The Road to Memphis, de Richard Pearce (exibição na GNT)
por Paulo Ricardo de Almeida (20/01/2005)

Piano Blues, de Clint Eastwood (exibição na GNT)
por Paulo Ricardo de Almeida (07/01/2005)

FILMES DA SEMANA
(MAIO DE 2005)


Dia 01
Para continuarmos acompanhando Reese Witherspoon, vale a pena checar Freeway – Sem Saída (1996), filme em que encontraremos uma atriz de 20 anos fazendo uma menina de 15 anos que vive mudando de pais adotivos, até que abandona o procedimento para encontrar sua verdadeira avó mas no caminho se depara com Kiefer Sutherland, que antes de ser Jack Bauer era um serial killer.
Oops. É ele quem dá carona a Reese... Freeway (idem, 1996, dir. Matthew Bright) passa às 21:00 no Telecine Emotion.
Dia 02
A Rede 21 mais uma vez reprisa um dos últimos filmes de Samuel Fuller: O Cão Branco (White Dog, 1981). E a gente reprisa a dica, avisando que o filme será exibido, como sempre no canal, dublado. Em todo caso, não tem muito mais o que ver no dia.
Dia 03
Para seguir a lógica das interessantes comédias americanas mainstream não saídas das cabeças da turma do Saturday Night Live, temos aqui a exibição de Cara, Cadê Meu Carro? (Dude, Where's My Car, 2000, dir. Danny Leiner). O filme conta no elenco com Ashton Kutcher e com Jennnifer Garner antes de estrear na série Alias, que fez dela uma pequena estrela. Mas a verdadeira do filme é a loucura do andamento e o absurdo da história. A conferir no Telecine Emotion às 21:00.
Dia 04
E a semana se termina, ainda sem grandes recomendações, mas com alguma curiosidade, em As Chuvas de Ranchipur (The Rains of Ranchipur, 1955), filme passado na Índia com Lana Turner, Fred MacMurray e Richard Burton. Sendo dirigido por Jean Negulesco, não é de se esperar nenhuma visão pessoal na mise-en-scène, e mais um diretor tentando (às vezes excessivamente) fazer bonito, e finalmente pesando seu próprio filme. Em todo caso, o filme passa às 21:00, e é uma estréia, uma das poucas que o Telecine Classic fará no mês.

Dias 5 a 11
A coluna não foi publicada no perído.
Dia 12
Primeiro longa-metragem de Claire Denis, Chocolate (Chocolat, 1988) passa na TV5 às 21:25. Não é exatamente uma estréia, uma vez que o filme já tinha exibido há alguns anos na Eurochannel, mas é uma rara oportunidade de entrar em contato com uma das mais decisivas realizadoras do cinema contemporâneo, e uma obra cujo acesso não é exatamente fácil. Trouble Every Day, seu filme de 2000, deve aportar nas telas cariocas já já. O Intruso, seu mais recente filme (exibido aqui no último Festival do Rio), acaba de entrar em cartaz na França. Enquanto isso, nós checamos Chocolate na TV5. Para os já familiarizados com o filme, dica adicional: às 22:00, a RetrôTV exibe Corruption (idem, 1967), uma curiosidade britânica assinada Robert Hartford-Davis, um anônimo, e estrelada por Peter Cushing, com a intriga da reconstrução de um rosto feminino que inevitavelmente evoca Les Yeus sans visage (1959), o grande filme de Georges Franju. Mas dessa vez mais para o lado do horror do que para o fantástico...
Dia 13
Aproveitando que é sexta-feira 13, o Telecine Classic faz uma gracinha e prepara uma programação de filmes de terror para combinar com a mitologia da data. A noite começa às 19:35 com o inglês A Sombra do Gato (Shadow of the Cat, 1961, dir. John Gilling), segue às 21:00 com o americano O Castelo do Pavor (The Black Castle, 1952, dir. Nathan Juran), estrelado por Richard Greene mas com presença de Bela Lugosi e Lon Chaney, continua com o clássico inglês O Abominável Dr. Phibes (The Abominable Dr. Phibes, 1971, dir. Robert Fuest) às 22:25. O programa vara a madrugada e exibe à 00:05 O Filho de Frankenstein (Son of Frankenstein, 1939, dir. Rowland V. Lee), com Karloff e Lugosi. A maratona encerra às 01:55 com A Ilha do Terror (Island of Terror, 1966), dirigido por Terence Fisher, mais celebrado diretor de terror da inglaterra à época dos estúdios Hammer. Boa sorte!
Dia 14
Dia de gala, sábado à noite é o horário dos principais lançamentos dos canais a cabo mais importantes (Telecine, HBO...). Dessa vez, quem ganha a aposta é o Telecine Premium, que exibe O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomorrow, 2004), filme sobre um cataclisma climático que deixa metade do planeta completamente inabitável pela neve (e todos os Estados Unidos nessa jogada, aliás). Como a culpa pelo desastre é atribuída diretamente à não-assinatura do protocolo de Kyoto e à falta de preocupação americana com uma política ecológica, fica difícil não ver uma primazia do discurso político sendo jogado nas entrelinhas de um filme de ação. O procedimento parece levar a política muito mais a sério do que certos filmes pretensamente políticos de gente que transforma a própria política em circo, afagando as consciências do espectador confortável em sua posição. O filme de Roland Emmerich – que, sendo de seu autor, não poderia deixar de ter cenas idiotíssimas – estréia às 21:00. Entretanto, muito mais digna de nota é a exibição de A Vida Íntima de Sherlock Holmes (The Private Life os Sherlock Holmes, 1970), um dos últimos filmes de Billy Wilder, e um de seus filmes menos conhecidos. O filme passa na RetrôTV às 18:00.
Dia 15
Algumas reprises do Telecine Classic, já que o mês anda bem ruinzinho de estréias (em todas as frentes, embora a falta de estréias na rede Telecine seja particularmente impressionante).
Duas versões de O Pássaro Azul, a primeira de 1940, dirigida por Walter Lang, com Shirley Temple (às 19:30) e a segunda de 1976, dirigida por um diretor de cacife muito mais alto, George Cukor, que passa às 22:00 e que conta com participações de Ava Gardner, Jane Fonda e Elizabeth Taylor. Antes disso, no mesmo canal, às 15:45, passa Ela e o Secretário (Take a Letter, Darling, 1942), de Mitchell Leisen. Leisen é mais famoso por sua produção na segunda metade da década de 30, quando filmava roteiros de Preston Sturges e Billy Wilder. Em Ela e o Secretário, o roteirista não tem um nome tão importante, mas o casal de protagonistas é Rosalind Russell e Fred MacMurray, o que desperta naturalmente a curiosidade.
Dia 16
E possivelmente o filme mais interessante desta semana passa quase despercebido, ganhando um lançamento no Cinemax que nem se dá o trabalho de criar uma tradução para o filme. Trata-se de La più bella serata della mia vita (1972), pouquíssimo conhecido filme de Ettore Scola, com roteiro de Sergio Amidei (roteirista preferido de Rossellini, que assinou Roma Cidade Aberta, Paisà, Stromboli...). É o filme que precede Nós Que nos Amávamos Tanto, discutivelmente o melhor filme de Scola. Na frente da tela: MIchel Simon, Alberto Sordi, Pierre Brasseur... O filme passa às 22:00, no Cinemax.
Dia 17
Não foi só do outro lado do muro de Berlim que se fez musicais trabalhistas. Do foco do capitalismo, do foco da indústria cinematográfica saiu Um Pijama para Dois (The Pajama Game, 1957), filme de Stanley Donen e George Abbott, baseado numa peça de Abbott, com coreografia de Bob Fosse. A trama gira em torno de uma fábrica de pijamas que vive em polvorosa porque o patrão não aceita dar um aumento de centavos por hora que estava sendo aceito por todas as outras fábricas. Como a ficção exige, nasce uma trama romântica entre uma das agitadoras (Doris Day, quem diria) e um dos supervisores (John Raitt), e um dos musicais mais inventivos de sua época. Passa no Film&Arts na meia-noite de terça para quarta.
Dia 18
E já que papamos mosca com a estréia na quarta-feira anterior, atentamos aqui para o mês de lançamento de Secretária (Secretary, 2002), que passa aqui à 00:30 de quarta para quinta-feira. O filme está longe da unanimidade (ele mesmo foi a ocasião de um "Filme em questão" em Contracampo, ler aqui e aqui), mas está muito mais longe da indigência. Existe uma maneira de fugir da interpretação fácil, de fugir da estigmatização, de flertar com a natureza dos desejos e dos combates mas não atribuir nada (ela é masoquista porque secretária? existiria um masoquista em cada subalterno do mundo? o filme tem a inteligência de não responder pela óbvia negativa ou pela inaceitável positiva), e existe o charme apaixonante de Maggie Gyllenhaal, irmã mais velha e mais talentosa do homem-aranha-clone Jake. HBO, meia-noite e meia.

Dia 19
Semana com algumas surpresas e atrações especiais, mas não nessa quinta-feira bem morna. Opção: quem sabe conferir o belo Simples Desejo (1992), de Hal Hartley, numa época em que o cinema americano independente era ainda um terreno a defender. Hartley representa talvez como nenhum outro o percurso de constante desinteresse por uam produção. Seu cinema decai sofrivelmente ao longo da década de 90, ao passo que o "cinema independente" passa a depender cada vez de mais coisas e progressivamente vai se tornando uma expressão quase destituída de sentido. O começo da carreira de Hartley, no entanto, se sustenta razoavelmente bem, ainda não completamente afetado pelo clima de pseudofilósofo blasé que viu Godard e nào entendeu. O Film&Arts exibe Simples Desejo às 22:00.
Dia 20
Em sua programação de musicais, o Telecine Classic exibe nessa sexta o highlight de sua seleção: Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961), de Robert Wise. Musical clássico, adaptação de Romeu e Julieta para os bairros pobres de Nova York, etc, mas o filme vale mais do que sua fama, e do que a fama do diretor (que como montador ajudou a picotar Soberba de Orson Welles para a RKO). Passa às 21:00. Mas a grande pepita do dia é mesmo As Corças (Les Biches, 1967), raríssimo (no Brasil) filme de Claude Chabrol, num ciclo da Eurochannel que passa quatro filmes de Chabrol protagonizados pela bela Stéphane Audran, sempre às sextas-feiras, sempre às 22:00. Na próxima semana teremos A Mulher Infiel e, depois, O Açougueiro. Imperdíveis, todos.
Dia 21
Filme dos mais odiados de todos os tempos – figura atualmente como número 33 entre a lista de piores dos usuários do www.imdb.com –, Contato de Risco (Gigli, 2003) estréia às 21:00 na HBO. Não há muitos motivos para se defender o diretor Martin Brest, mas é sempre meio desagradável quando aparecem esses consensos de público e da crítica jornalística contra um filme – deles, que defendem com tanto afinco "obras de arte" como os filmes que Charlie Kaufman roteiriza e outros filmes cool de se gostar (Dogville, anyone?). Num dos últimos casos em que isso se deu, foi com um belíssimo filme de Paul Verhoeven, Showgirls. Então, é um pouco natural querer ver esse filme que essas gentes de gosto tão refinado odiaram – mesmo que de fato seja um lixo. Bom, pra piorar o filme tem Ben Affleck. Mas em compensação tem Jennifer Lopez. Na madrugada de sábado para domingo, à 01:40, a TV5 exibe Intervenção Divina (Yadon Ylaheyya, 2002), belíssimo filme de Elia Suleiman entre contestação da ocupação israelense e comédia burlesca à Tati. Algumas cenas de antologia: o balão vermelho com a cara de Arafat que passa por todos os territórios ocupados, a ninja palestina que luta com sionistas à la Matrix, os instantes do casal dentro do carro, a panela de pressão... Obrigatório.
Dia 22
E continuamos o dia na TV5, que passa às 19:30 o filme Loulou, de Maurice Pialat (1980)
. Isabelle Huppert e Gérard Depardieu em instantes extraordinários, na conhecida estrutura (ou falta de) de Pialat, mais nos mostrando blocos de emoção, instantes de acontecimentos, do que evoluindo uma narrativa propriamente dita. Parece que estamos diante do real puro, um momento de verdadeira epifania. Não é exatamente uma raridade (tem disponível em vídeo e 35mm no país), mas ainda assim é uma bela oportunidade de assistir um dos cineastas mais decisivos da França pós-nouvelle vague.
Dia 23
Singapura (Singapore, 1947), de John Brahm, passa no Telecine Classic às 22:30. Não é exatamente um filme que ficou para a história do cinema, mas temos aqui Ava Gardner em um de seus primeiros papéis como protagonista, e Fred MacMurray como protagonista masculino. E Brahm, mesmo que ainda timidamente, vem sendo objeto de uma lenta redescoberta, mesmo que Singapura não seja um dos filmes mais bem falados do realizador...
Dia 24
Igreja dos Oprimidos (1986), último longa-metragem até a presente data de Jorge Bodansky – autor, com Orlando Senna, do sensacional Iracema – Uma Transa Amazônica –, é um documentário sobre a importância de facções da igreja num processo de terras no sul do Pará. O filme, de bastante difícil acesso, passa na seção É Tudo Verdade do Canal Brasil, às 22:40. Além do filme de Bodansky, o dia apresenta uma curiosidade. Trata-se de O Velho Que Lia Romances de Amor (The Old Man Who Read Love Stories, 2001), filme do diretor holandês naturalizado australiano Rolf de Heer baseado num livro de Luis Sepulveda com Richard Dreyfuss e Timothy Spall como atores principais. De Heer teve seu momento de maior fama em meados dos anos 90, quando teve seu Bad Boy Bubby (1993) recebendo um prêmio do júri no Festival de Veneza, e em seguida teve seus dois filmes participando da competição oficial em Cannes (The Quiet Room, 1996; Dance Me to My Song, 1998). Hoje, meio esquecido, ainda é capaz que ele faça filmes interessantes, pelo menos algo esquisitos, como era The Quiet Room. O Velho Que Lia Romances de Amor passa no Cinemax Prime às 21:30.
Dia 25
Fechando a noite, um documentário do crítico Richard Schickel sobre o cineasta Martin Scorsese. Scorsese, que já fez dois filmes como amante e pesquisador de cinema (Uma Viagem Pessoal pelo Cinema Americano; Il mio viaggio in Italia), agora é o objeto de pesquisa em Scorsese on Scorsese (2004), longa-metragem que o Cinemax exibe às 23:45. Schickel, o diretor, é crítico da Time Magazine desde 1972 e realizou inúmeros filmes (geralmente para a televisão) sobre diretores (Chaplin, Eastwood, Elia Kazan, Arthur Penn, Woody Allen); pode não ter o melhor dos gostos do mundo, mas é um sujeito sério e foi muito por sua luta que hoje há uma reconstrução de Agonia e Glória (The Big Red One, 1980), o filme de Samuel Fuller que foi picotado pela produtora Lorimar à época de seu lançamento.
Dias 26 a 31
A coluna não foi publicada no perído.
Ruy Gardnier


 
Stéphane Audran e Jacqueline Sassard:
As Corças
, de Claude Chabrol (1967),
no Eurochannel, dia 20, Ciclo Audran/Chabrol

contra-regra

Durante todos os meses em que esteve no ar, Senhora do Destino defendia, a todo custo, algumas teorias sociais: o politicamente correto acima de tudo, padrões morais e éticos extremamente reacionários, a família como órgão supremo e salvador e mau e bom como características absolutas inerentes a cada ser humano. Pra começar, tínhamos a família de Maria do Carmo – uma família unida, que se mantinha coesa nas horas felizes e nas horas tristes, assim conseguindo passar por cima de todos os obstáculos; sendo regida por essa matriarca, numa lógica que beirava o fascismo. A família é o núcleo mantenedor de tudo e todas as pessoas só existem dentro daquela engrenagem (...)

leia mais

FILMES

Máscara Negra 2, de Tsui Hark
por Guilherme Martins

Ali, de Michael Mann
por Paulo Ricardo de Almeida

O Círculo Vermelho (Le Cercle Rouge), de Jean-Pierre Melville
por Paulo Ricardo de Almeida

Paris No Verão (Haut Bas Fragile), de Jacques Rivette
por Ruy Gardnier

arquivo DE FILMES

Veja as críticas antigas dessa sessão.

arquivo DE ARTIGOS

Veja os artigos antigos dessa sessão.