Sobre
Blá-blá-blá
Este filme se desenvolve em quatro tempos paralelos,
situados em um país não-definido.
No primeiro, o ditador dirige-se ao povo, através
de uma emissão de televisão, justificando
as medidas de repressão que acaba de determinar
para tentar pôr fim à onda de revolta que
se inicia no país.
No segundo tempo, define-se uma opção
de luta revolucionária progressista, lenta e
racional, através do diálogo entre uma
jovem guerrilheira e um fotógrafo.
No terceiro tempo, uma outra opção se
apresenta: a tomada violenta e imediata do poder, caracterizada
através das colocações impetuosas
de um jovem estudante.
No quarto tempo, vemos cenas de violência: repressão
policial contra o povo, rapto e assassinato de líderes
revolucionários, etc.
O filme termina com a súbita saída do
ar da estação de televisão.
Quanto ao filme, não sei o que dizer, não
consigo mais vê-lo, não dá pé:
a posição de crítica, mesmo que
seja pelo cinema, não tem mais sentido, é
a mesma coisa que andar de mãos dadas com a coisa
criticada.
Filme desse tipo vale pela experiência, é
a mesma coisa que ficar em casa, ver televisão
das 8 às 10, ter um sono feliz, filosofar de
moral, de missa do domingo, de tradição
e propriedade, do caos e da vidinha onde "a gente vai
quebrando o galho, prá viver".
Desse jeito a solução mesmo é ser
crítico: sentir-se justo e humano e esperar um
lugar à direita, é claro, do infinito
azul todo poderoso e esperar sonhando a paz de um mundo
melhor, no outro mundo.
Sobre Conversas no Maranhão
Conversas no Maranhão:
A nação Canela Apãniekrã
interpela o estado brasileiro
Documento filmado por Andrea Tonacci
Município de Barra do Corda, Aldeia de Porquinhos
Uma visão de dentro dos mecanismos de afirmação
da identidade de uma nação indígena.
Durante a demarcação oficial de suas terras
pela Fundação Nacional do Índio,
os Canela Apãniekrã – Timbira Orientais
– decidem interromper o trabalho dos topógrafos
e enviar suas reivindicações para Brasília
em forma de carta, filme e gravação. Assim
eles expressam sua insatisfação com os
limites territoriais impostos pela Funai.
Este filme, primeiro de uma série produzida entre
1977 e 1983, abordando o contato entre duas culturas
e suas conseqüências, foi realizado com a
participação e orientação
dos mais velhos do Conselho da aldeia, e pretende ser
um documento oficial da nação Canela junto
ao estado brasileiro.
A história do grupo – o massacre, a dispersão
dos sobreviventes e seu reencontro, os limites imemoriais
do território – é narrada por imagens
envolvidas com a vida/ritual cotidiano.
Andrea Tonacci
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