BRIDGET JONES: NO LIMITE DA RAZÃO
Beeban Kidron, Bridget Jones - edge of reason, EUA/Inglaterra, 2004

Nada mais natural, tendo em vista a boa bilheteria de O Diário de Bridget Jones, que fosse filmada sua continuação – afinal, tínhamos aí um outro livro a ser explorado e uma personagem com apelo inquestionável para uma determinada fatia de público. Mas ao que parece, ao menos nesse caso, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar: mesmo admiradores do filme anterior parecem frustrados por esse Bridget Jones – No Limite da Razão. E a explicação não parece estar na troca de diretoras, com a mais experiente Beeban Kidron substituindo a então estreante Sharon Maguire; já que o trabalho de ambas reflete o mesmo convencionalismo e as mesmas limitações.

A verdade é que, ao menos em termos de cinema, a personagem Bridget já rendera, com o primeiro filme, tudo o que podia. O Diário de Bridget Jones conseguia fechar um ciclo na evolução da personagem, esforçadamente defendida por Renee Zelwegger. Já no segundo filme, a trajetória de Bridget simplesmente não progride, parece sempre dar voltas no mesmo lugar, envolta num terreno da mais completa previsibilidade. Desde o primeiro momento, temos a absoluta certeza de um rompimento mais que certo entre Bridget e seu príncipe encantado Mark Darcy (Colin Firth), seguido de algum tipo de envolvimento com o canalha Daniel Cleaver (Hugh Grant) e a reconciliação no inevitável final feliz. E o roteiro não faz nenhum esforço em tentar surpreender.

Se temos um filme que quase sempre navega nas águas da mediocridade com fórmulas consagradas de comédia romântica, quando a narrativa tenta descambar para um humor mais rasgado, temos resultados ainda mais pífios. É aí que Bridget, uma personagem que originalmente guardava seu quinhão de simpatia, passa a ser vista como uma figura demasiado irritante – como na cena em que ela trafega completamente alterada por uma praia da Tailândia (e não deixa de passar por nossa cabeça o maldoso desejo de que ela seja levada pela tsunami). E que junto com ela siga também o responsável pela trilha sonora, com sucessivos flashbacks que mais parecem a programação da cafona rádio Antena 1. Somente nos breves momentos em que a protagonista encontra-se numa prisão tailandesa temos momentos de diversão e interesse.

Mas pensando bem, com todas sua deficiências, Bridget Jones – No Limite da Razão não é um filme muito inferior a seu antecessor. Este é que já não era mesmo grande coisa.

Gilberto Silva Jr.