Fruto dos estúdios Ghibli, especializado
em animações japonesas geralmente com tons de fábula
envolvendo animais e crianças, A Volta do Gato não
foge dos padrões das produções de lá. Como um exemplar
de cinema visando o público infantil, se é bastante
funcional, parece carecer de idéias mais frescas, ainda
que tenha momentos muito bons. Tem muito de interesse
pela forma com que se conduz o filme, mas nada de excepcional
ecoando - ou que ao menos lhe chame uma atenção mais
atenta. Nota-se as referências e respeito a um universo
que lembra o de Hayao Miyazaki, mesmo que sem o brilho
e as idéias do mestre japonês. É uma obra bastante acomodada
– não apenas não irá avançar em idéias, como simplesmente
parece tranqüilo em relação a sua posição.
Ainda assim, trata-se de um exercício de gênero de bastante
interesse, sobretudo por nosso pouco acesso a esse material.
As noções morais entre os personagens podem ser pensadas
visando um público infantil, mas são um bocado interessantes.
Há pelo menos uma cena bastante bonita, com o rei do
mundo dos gatos declarando o fim de seu império. Mesmo
quando apelativo, o cineasta parece capaz de controlar
o que coloca em cena sem que extrapole neste apelo.
A construção de um universo particular parece se dar
um pouco depressa, parecendo só se fazer mais presente
quando a narrativa já está se esgotando. Falta um pouco
de calma, no princípio do filme, mas a pressa aparece
ainda mais na segunda metade onde a trama ganha tons
mais agitados.
Hiroyuki Morita se estabelece então como um artesão
de interesse, mas ainda sem muito brilho. Talvez uma
possível falta de liberdade do estúdio possa causar
parte das ambições curtas, mas aí foge de nossa possibilidade
ou mesmo interessa de análise. Mesmo que restrito há
um público que tenha algum interesse em animações, não
deixa de ser um filme simpático.
Guilherme Martins
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