TÁXI
Tim Story, Taxi, EUA, 2004

Juntando uma trupe de pessoas dispostas a se estabilizarem dentro do mercado, Luc Besson produz um filme dos mais estranhos, no qual uma porção de confusões absurdas parecem se desenrolar em cena – e sendo o absurdo algo geralmente atrativo, não deixa de ser curioso como Táxi venha a ser um filme tão nulo.

Tim Story é encarregado de orquestrar a bagunça onde Queen Latifah se envolve com Jimmy Fallon por querer seu táxi de volta e ele, um policial trapalhão que não sabe dirigir, precisa pegar um grupo de ladras (lideradas por Giselle Bündchen) para recuperar um cargo e impressionar sua tenente (Jennifer Esposito). Dessa bagunça pipocam as mais diferentes referências cinéfilas, de Os Aventureiros do Bairro Proibido à Os Irmãos Cara-de-Pau, geralmente tendo a década de oitenta (numa crescente tendência atual de um certo cinema comercial americano) como espelho. São dessas referências, na forma como Story as trabalha, que se possibilita notar tantas incapacidades do filme. Em especial a seqüência dos carros sendo destruídos, que remete diretamente à Irmãos Cara-de-Pau, arquitetada de tal forma a ficar grosseiramente claro que trata-se de uma refilmagem – sem o menor talento – de tal cena.

Tim Story não consegue subverter a bagunça e o desconjuntamento narrativo do filme, e transformá-lo em algum tipo de charme para obra – na verdade faz quase o oposto, transformando tais possibilidades narrativas num empecilho para o filme, já que em meio à loucura que se arma em cena, parece o tempo todo estar tentando voltar a uma encenação mais clássica. Não faltam esforços por parte do elenco, mas há algo de muito errado numa comédia absurda que não tenha a menor graça. Sobram alguns momentos onde a picaretagem é maior que a incompetência: Giselle revistando Esposito, o carro voando quando acaba a estrada. Momentos que dão alguma vida a um filme que, embora seja simpático pelo tipo de proposta anárquica de cinema que parece fazer, não consegue ser nada mais que incapaz.

Guilherme Martins