Juntando uma trupe de pessoas
dispostas a se estabilizarem dentro do mercado, Luc
Besson produz um filme dos mais estranhos, no qual uma
porção de confusões absurdas parecem se desenrolar em
cena – e sendo o absurdo algo geralmente atrativo, não
deixa de ser curioso como Táxi venha a ser um
filme tão nulo.
Tim Story é encarregado de orquestrar a bagunça onde
Queen Latifah se envolve com Jimmy Fallon por querer
seu táxi de volta e ele, um policial trapalhão que não
sabe dirigir, precisa pegar um grupo de ladras (lideradas
por Giselle Bündchen) para recuperar um cargo e impressionar
sua tenente (Jennifer Esposito). Dessa bagunça pipocam
as mais diferentes referências cinéfilas, de Os Aventureiros
do Bairro Proibido à Os Irmãos Cara-de-Pau,
geralmente tendo a década de oitenta (numa crescente
tendência atual de um certo cinema comercial americano)
como espelho. São dessas referências, na forma como
Story as trabalha, que se possibilita notar tantas incapacidades
do filme. Em especial a seqüência dos carros sendo destruídos,
que remete diretamente à Irmãos Cara-de-Pau,
arquitetada de tal forma a ficar grosseiramente claro
que trata-se de uma refilmagem – sem o menor talento
– de tal cena.
Tim Story não consegue subverter a bagunça e o desconjuntamento
narrativo do filme, e transformá-lo em algum tipo de
charme para obra – na verdade faz quase o oposto, transformando
tais possibilidades narrativas num empecilho para o
filme, já que em meio à loucura que se arma em cena,
parece o tempo todo estar tentando voltar a uma encenação
mais clássica. Não faltam esforços por parte do elenco,
mas há algo de muito errado numa comédia absurda que
não tenha a menor graça. Sobram alguns momentos onde
a picaretagem é maior que a incompetência: Giselle revistando
Esposito, o carro voando quando acaba a estrada. Momentos
que dão alguma vida a um filme que, embora seja simpático
pelo tipo de proposta anárquica de cinema que parece
fazer, não consegue ser nada mais que incapaz.
Guilherme Martins
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