Melodramático e piegas,
Baboussia parte da situação clichê
em que avó, depois da morte da filha, é
abandonada primeiro pelo genro e em seguida pelos netos,
os quais ajudou a criar. Traçando oposições
simples entre a desamparada e gentil heroína
(a avó) e os cruéis e desumanos antagonistas
(os netos), Lídia Bobrova não escapa do
mero artificialismo dramático, na medida em que
força, a qualquer custo, a identificação
do espectador com a protagonista, em detrimento do mínimo
de compreensão acerca dos motivos e das atitudes
dos demais personagens.
Dada a estrutura pueril e maniqueísta, Baboussia
é desprovido de emoção: trata-se
de personagens monótonos, aprisionados em planos-seqüências
sem tensão interna, que se arrastam em virtude
da incapacidade da cineasta em gerar conflitos humanos
verdadeiros, sem o apoio da (má) literatura de
folhetim.
Lídia Bobrova, por fim, não coordena a
instância pessoal e emotiva dos personagens com
a realidade política e social da Rússia
pós-soviética, proposta esboçada
e não desenvolvida durante o filme, pois cita
a esmo a presença dos "novos russos"
e da guerra civil na Chechênia, ao mesmo tempo
em que exalta sentimento nostálgico pelo passado
longínquo (a infância perdida dos netos)
que apaga a realidade em favor do escapismo do sonho
e, sobretudo, da morte.
Paulo Ricardo de Almeida
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