Documentos oficiais do Ministério
da Cultura
O
projeto- minuta de projeto de lei "vazada" pela
internet no dia 02/08.
Coletiva
de imprensa, por ocasião da apresentação
oficial do projeto, em 06/08.
Nota
de esclarecimento do Ministro Gilberto Gil, publicada
no site do Ministério em 09/08.
Versão integral da palestra Cultura
Digital e Desenvolvimento, proferida pelo Ministro
Gilberto Gil na USP, 09/08.
Versão integral da Aula
Magna proferida pelo Ministro na Facamp.
MinC divulga para consulta pública a minuta
do anteprojeto acompanhada de uma exposição
de motivos.
Respostas da Secretaria
do Audiovisual/MinC a questionário enviado
por representantes do setor audiovisual
Macunaíma: subdesenvolvimento
e cultura, texto do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães
Nota de Esclarecimento
Brasília, 18 de agosto de 2004.
O Ministério da Cultura vem a público esclarecer que
a minuta do projeto de criação da Agência Nacional do
Cinema e do Audiovisual (Ancinav), que se encontra atualmente
em debate no Conselho Superior de Cinema, propõe que
a criação da nova agência se dê a partir da ampliação
do papel da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o que
implica o aproveitamento da experiência e dos recursos
acumulados por esta agência ao longo de três anos de
existência. A Ancine tem uma importante contribuição
a dar para a futura Ancinav.
A nova agência, segundo a minuta, terá o papel de regular,
mediar e estimular as atividades de produção e de difusão
de conteúdos audiovisuais no país, considerando os diversos
meios de produção e de difusão existentes, incluindo
o cinema, em ação complementar à da Anatel.
O Ministério da Cultura não medirá esforços para que
a transformação da Ancine em Ancinav, através dos mecanismos
legais necessários, aconteça rapidamente, sem interrupção
de serviços, de modo que a atividade do cinema não venha
a ser momentaneamente prejudicada.
Declarações de entidades do audiovisual
nacional
APACI - Associação Paulista de Cineastas
DECLARAÇÃO PÚBLICA
A APACI - Associação Paulista de Cineastas
- apóia o conceito central de criação
da ANCINAV, porque entende que o mercado audiovisual
brasileiro precisa ser regulamentado e os segmentos
queatuam neste mercado devem contribuir, junto com o
Estado, para a consolidação da cinematografia
brasileira.
A APACI entende que a redação da Lei e
os mecanismos propostos pelo MINC precisam de uma análise
detalhada para melhor avaliação dos impactos
na cadeia produtiva. Estamos iniciando uma análise
dentro da entidade para contribuir com uma discussão
mais ampla para o aperfeiçoamento do texto em
consonância com todos os setores envolvidos.
Posição em Assembléia
Alain Fresnot
presidente
Toni Venturi
vice-presidente
Associação Brasileira de Produtores Independentes
de Televisão (ABPI-TV)
EMPRESAS PRODUTORAS INDEPENDENTES APÓIAM MINC
A Associação Brasileira de Produtores
Independentes de Televisão (ABPI-TV) vem a público
manifestar o seu apoio à importante iniciativa
do governo brasileiro em propor um projeto de lei que
regule a atividade audiovisual no país. A exemplo
de países onde existe forte atividade audiovisual,
como os da América do Norte e da Europa, faz-se
necessário a regulação da atividade
audiovisual no Brasil.
A criação desse ambiente regulatório
vai possibilitar que esta atividade esteja de fato a
serviço do crescimento e desenvolvimento do país,
das liberdades democráticas e do acesso às
oportunidades de mercado para todos os agentes do setor.
Trata-se, portanto, de matéria com impacto positivo
para toda a população brasileira que terá
acesso qualificado aos meios culturais através
de um setor audiovisual democrático e livre.
Marco Altberg
presidente
Associação dos Produtores e Realizadores
de Filmes de Longa Metragem de Brasília – APROCINE
ACERCA DO FUTURO DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO
Depois de anos de ausência, o Estado Brasileiro
decidiu reassumir o papel de mediador nas questões
que afetam a produção, difusão
e enriquecimento da produção audiovisual
no Brasil. As iniciativas do Ministério da Cultura
desde o ano de 2003, que culminaram agora na proposta
da Lei Geral do Audiovisual e na criação
da ANCINAV, apontam firmemente nesta direção.
É hora de as lideranças responsáveis
pelos diferentes segmentos da produção
audiovisual, seja qual for a área de atuação,
seja qual for a região do País, se posicionarem
em respaldo a essas iniciativas que vem ao encontro
de nossas históricas cobranças de um estado
mais presente e responsável. Não para
impor filtros artísticos ou ideológicos
ao processo cultural mas, ao contrário, para
por fim à ditadura do marketing que se instalou
desde que, sob o álibi das Leis de Incentivo
a Cultura, o Governo negligenciou o seu papel e permitiu
que vigorassem apenas as (supostas) "leis de mercado"
em questões que afetam de forma gravíssima
o futuro do Brasil como nação e como sociedade
livre, democrática e solidária.
A Associação dos Produtores e Realizadores
de Filmes de Longa Metragem de Brasília – APROCINE
vem manifestar de público o seu apoio à
iniciativa do MinC ao propor a Lei Geral do Audiovisual
e a criação da ANCINAV. Acreditamos que
a proposta possa ser aperfeiçoada mas isso se
dará no âmbito do Conselho Superior de
Cinema, ouvindo as entidades representativas da classe
e não, através do bombardeio que ora se
vê através da mídia.
Apoiamos sobretudo os mecanismos que visam garantir
a distribuição mais democrática
dos espaços e dos recursos quer em relação
às diversas regiões do País, quer
em relação aos agentes do processo com
menor capacidade financeira e menos trânsito na
mídia. É preciso preservar a pluralidade
cultural do Brasil e as transformações
anunciadas apontam nessa direção. É
importante também usar a capacidade de ação
do Governo para promover a democratização
e descentralização da produção
e do acesso aos bens culturais audiovisuais no Brasil.
Por tudo isso, louvamos a iniciativa do Ministério
da Cultura e confiamos no Conselho Superior de Cinema
como a instancia capaz de discuti-la e aperfeiçoá-la.
Brasília, 09 de agosto de 2004
MANFREDO CALDAS e MARCIO CURI -- Diretores APROCINE
SICESP – Sindicato da Indústria Cinematográfica
do Estado de São Paulo
O SICESP – Sindicato da Indústria Cinematográfica
do Estado de São Paulo vem a público manifestar
a sua preocupação quanto a forma como
foi conduzida a apresentação do projeto
de lei que cria a ANCINAV.
Defendemos a ampliação do marco regulatório
criado pela MP 2228 para todo o setor audiovisual.
Somos contra qualquer projeto que possa conduzir a um
dirigismo centralizador estatal sobre o conteúdo
e a dinâmica das relações econômicas
do setor.
Estamos convocando, através de um diálogo
democrático, todos os segmentos da atividade
para a apresentação de propostas que melhorem
o projeto.
São Paulo, 11 de agosto de 2004
André Sturm
Presidente
Sindicatos de Distribuidores
Exclusão Social, Estímulo À Pirataria,
Desemprego
O Governo divulgou, semana passada, proposta de projeto
de lei para a regulação e controle da
indústria cinematográfica e audiovisual.
O Governo anunciou ainda a criação de
novas taxas e impostos para a atividade. Após
analise do texto do projeto, as entidades abaixo relacionadas
alertam para os danos que podem ser causados por essa
iniciativa:
· Aumento do preço dos ingressos de cinema, dos
preços das locações e vendas de
fitas de vídeo e DVDs: Os ingressos, as locações,
as fitas e os DVDs poderão ficar até 20
por cento mais caros em razão dos novos impostos
e taxas.
· Redução do acesso da população
ao lazer: Os moradores das cidades fora do eixo Rio-São
Paulo deixarão de Ter acesso simultâneo
aos lançamentos de filmes. O alto valor dos impostos
irá limitar o número de cópias.
Como resultado, os filmes demorarão cerca de
três meses para chegar à grande maioria
das cidades.
· Fechamento de salas de cinema e de videolocadoras:
As salas de cinema e as videolocadoras nas cidades fora
do eixo Rio-São Paulo terão menos público
e consumidores, por falta de filmes novos e do aumento
dos preços.
· Estímulo à pirataria: A falta de acesso
da população aos lançamentos e
o aumento dos preços desestimulará o consumo
legal e aumentará ainda mais a pirataria.
· Diminuição da atividade econômica
do setor: Os novos impostos e taxas e o aumento da pirataria
impedirão o crescimento do mercado brasileiro
de cinema e vídeo observado nos últimos
quatro anos. Crescimento este fundamental para o Cinema
Brasileiro.
Haverá desestímulo à manutenção
dos atuais empregos e à criação
de novos. A maioria dos postos de trabalho nos cinemas
e videolocadoras é o primeiro emprego. Laboratórios
de copiagem de filmes, duplicação de vídeo,
dublagem, legendagem e pós-produção
terão suas atividades brutalmente reduzidas,
com risco de fechamento.
Em nome da transparência que deve pautar as relações
entre o Governo e a sociedade, as entidades abaixo relacionadas
demandam às autoridades federais a divulgação
dos estudos técnicos que embasaram a proposta
do projeto de lei que cria novas taxas e impostos para
a atividade e regula a indústria cinematográfica
e audiovisual.
Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas
do Município do Rio de Janeiro - SEDCMRJ
União Brasileira de Vídeo - UBV
Associação de Defesa da Propriedade Intelectual
- ADEPI
Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas,
Vídeo e Similares do Estado de São Paulo
Sindicato dos Empregados em Empresas Distribuidoras
Cinematográficas, Vídeos e Similares do
Estado de São Paulo
Sindicato dos Empregados em Empresas Distribuidoras
Cinematográficas do Município do Rio de
Janeiro - SEEDCMRJ
Sindicato das Locadoras de Vídeo e DVD do Estado
do Ceará - SLVDEC
Sindicato das Videolocadoras do Estado de São
Paulo - SINDEMVIDEO
Congresso Brasileiro de Cinema (CBC)
(esta carta não circulou como resultado de
assembléia, e sim de punho do presidente da entidade,
falando em nome dela)
Tendo em vista a apresentação da minuta
do Projeto de Lei que cria a ANCINAV e regulamenta o
setor audiovisual, por parte do Ministério da
Cultura ao Conselho Superior de Cinema, o CBC, organização
que congrega mais de 50 entidades representativas do
diversos setores do audiovisual brasileiro, vem manifestar
o seguinte:
1 - A criação da ANCINAV - Agencia Nacional
do Cinema e do Audiovisual e a regulamentação
do setor audiovisual representam uma histórica
demanda do cinema brasileiro, manifestadas em congressos
e outras instâncias, e contam, portanto, com o
total apoio desta entidade;
2 - Cabe ao Estado um papel insubstituível no
desenvolvimento cultural, posição essa
que acaba de ser assumida também pelas entidades
civis do hemisfério em reunião promovida
pela Organização dos Estados Americanos,
na qual foi reconhecido, por unanimidade, que "os Estados
têm o direito, o dever e a responsabilidade de
implementar políticas públicas que promovam,
fomentem e reflitam sua diversidade cultural".
3 - O estabelecimento de marcos regulatórios
que contemplem a criação e difusão
do conteúdo brasileiro e a produção
independente é fator estratégico para
o desenvolvimento do país e consideramos imprescindível
o empenho do governo em atuar nesse sentido.
4 - Entendemos ser essencial que o processo de transição
da ANCINE para ANCINAV seja feito sem a interrupção
das atividades da atual agência e aproveitando
a experiência adquirida por ela no desempenho
de suas funções.
5 - O CBC se compromete, neste importante momento de
nossa história, a participar ativamente da discussão
e do aprimoramento do projeto de lei a ser submetido
ao Congresso Nacional e encaminhar as contribuições,
sugestões e críticas das entidades a ele
filiadas.
Abraço do Geraldo Moraes
Carta de Gramado
O cinema e o audiovisual são estratégicos para a cultura
e a economia do país e é necessário ampliar e atualizar
a sua legislação e regulação, abrangendo as novas mídias,
garantindo a presença do conteúdo nacional, em defesa
da liberdade e da diversidade de expressão.
A criação da Agencia Nacional do Cinema e do Audiovisual
(Ancinav), abrangendo o cinema, a televisão e os demais
segmentos que compõem o setor audiovisual, é demanda
histórica do cinema brasileiro.
O anteprojeto apresentado pelo governo deve seguir seu
caminho democrático de consulta pública e discussão
com a sociedade, com toda a transparência necessária,
tendo como instância privilegiada o Conselho Superior
de Cinema.
O Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), está em contato
permanente com suas 54 entidades e, a partir disso,
encaminhará ao Conselho Superior de Cinema um documento
com a consolidação das propostas do setor.
Assumimos o compromisso de trabalhar para viabilizar
e consolidar a industria do audiovisual no país e, estamos
confiantes que, ao final deste processo, o cinema e
o audiovisual brasileiros, terão suas atividades ampliadas
para atender as expectativas de crescimento e desenvolvimento
do setor.
Viva o Cinema Brasileiro!
Gramado, 21 de agosto de 2004.
ABRACI - Associação Brasileira de Cineastas
do Rio de Janeiro
Os cineastas cariocas através de sua associação ABRACI
RJ - Associação Brasileira de Cineastas do Rio
de Janeiro - em relação ao Projeto de Lei do Audiovisual
apresentado pelo MinC declaram :
1) Fomos surpreendidos com a forma do encaminhamento
do projeto sem consulta à classe;
2) Sempre defendemos a ampliação do marco regulatório
inaugurado pela MP 2228;
3) Somos contra a extinção da ANCINE e a favor da ampliação
de seu campo de ação e sua transformação em ANCINAV;
4) Estamos prontos a participar do aprimoramento de
regulamentação da atividade;
5) Em qualquer hipótese declaramos que estaremos sempre
em defesa da liberdade de expressão, contra qualquer
tipo de censura.
ABRACI - Rio de Janeiro, 10 de Agosto de 2004.
Associação Brasileira de Emissoras
de Rádio e Televisão
Manifestando sua preocupação com os termos
da proposta de criação da Agência
Nacional do Cinema e do Audiovisual _ ANCINAV, divulgados
pela imprensa e pelo próprio Ministério
da Cultura, a diretoria da Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
_ ABERT, reunida em reunião extraordinária
no dia 11 do corrente, deliberou firmar posição
contrária a qualquer iniciativa que venha representar
embaraço ou interferência estatal na criação
artístico-cultural e nas liberdades de expressão
e editorial.
A ABERT, que tem entre seus quadros 214 emissoras de
televisão e não foi chamada em nenhum
momento para a discussão do tema, registra sua
perplexidade diante da proposta apresentada que confunde
os conceitos técnicos de conteúdo e plataforma
e rechaça, com veemência, a relativização
da liberdade que constitui dogma intocável da
Constituição Federal. A diretoria da entidade
entende ser uma volta ao obscurantismo de triste memória
a pretensão governamental de regular, organizar,
planejar, administrar, dirimir conflitos e aplicar penalidades
na produção de cinema e audiovisual, interferindo
até mesmo em peças publicitárias
bem como programas de cunho jornalístico e esportivo
de emissoras de televisão.
A ABERT, que considera a proposta uma séria ameaça
à liberdade de expressão jornalística,
artística e cultural, na contramão do
espírito que norteou o constituinte de 1988,
confia que o Governo Federal em suas várias instâncias
e em homenagem à biografia de seus integrantes,
haverá de ampliar a discussão sobre a
ANCINAV com a sociedade para que seja lançada
a necessária luz sobre o tema e reveja, afinal,
estes conceitos para não permitir que seja ferida
a cidadania
Associação Brasileira de Documentaristas
e Curta Metragistas (ABD)
A diretoria da Associação Brasileira de
Documentaristas e Curta Metragistas, entidade com representação
em 24 estados brasileiros, vem se manifestar publicamente
em favor do projeto de lei que propõe a criação
da ANCINAV e a regulação de toda a atividade
audiovisual no país.
Entendemos que as propostas ali apresentadas partem
de uma consulta ampla e bem fundada aos diversos setores
da atividade e refletem uma demanda histórica
da maior parte desses setores. A proposição
e execução de políticas públicas
que promovam e fomentem a atividade audiovisual em todo
o território nacional deve ser uma atribuição
do Estado.
Observamos com felicidade na proposta a visão
estratégica de que é necessário
garantir condições de competitividade
para o conteúdo brasileiro, no país e
no exterior.
A ABD se compromete a estar discutindo minuciosamente
o projeto de lei, no esforço coletivo de aprimorar
e criar um instrumento que contemple as demandas dos
diversos setores que integram nossa atividade.
Guigo Pádua
Presidente em exercício Associação
Brasileira de Documentaristas e Curta Metragistas
Nota dos cineclubes brasileiros
"Pela primeira vez, o foco da política pública
do cinema é o público".
Orlando Senna.
Duas notícias de enorme importância abalaram,
de maneira desigual, os meios de comunicação
e a sociedade brasileira nos últimos dias. Em
terrenos diferentes e em esferas só aparentemente
distintas, ambos acontecimentos configuram ataques a
instituições e direitos fundamentais da
cidadania. A criação da Ancinav e o processo
contra o Cineclube Falcatrua, da UFES (Universidade
Federal do Espírito Santo).
A imprensa divulgou o anteprojeto de lei que cria a
Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual. Submetido
pelo Ministério da Cultura ao Conselho Superior
de Cinema - e hoje disponibilizado ao público
no sítio do Ministério - o anteprojeto,
como o termo indica, constitui um esboço preliminar
procurando reunir antigas, permanentes e urgentes reivindicações
do cinema brasileiro com as necessidades mais prementes
de uma legislação contemporânea
na área em constante desenvolvimento e altamente
movediça do audiovisual.
O texto tem imprecisões, falhas e lacunas. Dentro
da normalidade democrática é normal esperar
que esses defeitos sejam sanados no processo de discussão
que culmina no Congresso Nacional. Mas, sobretudo, o
projeto procura consolidar um processo histórico
de demandas do cinema brasileiro, enriquecido especialmente
nestes últimos anos em encontros e congressos
dos mais diversos setores do audiovisual no Brasil.
Mais que isso, como acontece atualmente em boa parte
do Mundo, a propositura procura definir, regulamentar
e estimular diferentes aspectos da criação,
produção e difusão de conteúdos
audiovisuais, procurando garantir a primazia do benefício
público sobre os interesses privados, a defesa
do produto nacional e a equanimidade no tratamento da
produção internacional, a geração
de trabalho, renda e desenvolvimento para o País.
Essa proposta de discussão, contudo, foi recebida
com incrível virulência por alguns setores
e personalidades, nomeadamente os mais ligados aos interesses
das grandes empresas multinacionais de comunicação,
aos monopólios nacionais e estrangeiros que atuam
no Brasil e a segmentos tradicionalmente privilegiados
por equívocos e vícios da legislação
em vigor. Com surpreendente ferocidade, e amplo destaque
na grande imprensa - diretamente associada aos interesses
em jogo - a propositura do governo foi freqüentemente
tratada com uma linguagem delirante, permeada de imagens
do tempo da chamada Guerra Fria, de fato lembrando eventos
- do passado e do presente em que poderosos grupos econômicos,
ligados a interesses externos, dedicaram-se a desestabilizar
as instituições democráticas na
América Latina. Consternados, vimos alguns grandes
nomes do nosso cinema - felizmente uma ínfima
minoria - aderirem meio histéricos a essa verdadeira
Marcha do Capital com o Monopólio pela Liberdade
Irrestrita de Mercado.
O cineclubismo brasileiro, berço da maioria das
instituições do nosso cinema, formador
dos seus maiores expoentes e representante do público
participante, denuncia e repudia essa perigosa campanha
golpista que visa calar o debate democrático
sobre o audiovisual no Brasil e impedir que ele renove
nossas instituições no sentido do interesse
da maioria da população.
(...) (N. do O.: aqui a nota introduz longamente o outro
assunto, de interesse semelhante, mas não específico
ao tema que preferimos tratar aqui)
Pela regulamentação democrática
do audiovisual!
Pela regulamentação do cineclubismo!
Pela liberdade de associação e expressão!
14 de agosto de 2004.
Subscrevem 40 cineclubes de 8 estados
Associação de Produtores do Norte/ Nordeste - APCNN
A Associação de Produtores do Norte/ Nordeste - APCNN
considerando a riqueza e a diversidade culturais retratadas
na produção audiovisual do país, e a necessidade do
fortalecimento desta produção pela democratização dos
seus meios, vem manifestar o seu apoio a necessária
e corajosa iniciativa do Ministério da Cultura em propor
a minuta do projeto de criação da Agência Nacional do
Cinema e do Audiovisual (Ancinav), de modo democrático
e participativo, colocando-a para consulta pública e
debate pelo Conselho Superior de Cinema.
Sabemos, todos os que vivenciamos as dificuldades para
produzir cinema e vídeo no Brasil, da flagrante e injusta
concentração dos recursos, da formação de cartéis, da
exclusão de importante setores produtivos e das distorções
e equívocos na aplicação das leis de incentivo. Acreditamos
que a criação da Ancinav, a partir da ampliação da Ancine,
será uma importante conquista, não apenas para produtores
e cineastas, mas para todo o povo brasileiro e para
preservação da sua identidade democrática e plural.
Regulamentar é afirmar o processo civilizatório, é impedir
a barbárie e a voracidade do capital sobre a ética e
sobre a estética.
PELO FORTALECIMENTO DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO, DA CULTURA
E DAS ARTES EM GERAL.
Rosemberg Cariry
Presidente da APCNN
Organização e pesquisa: Fernando Veríssimo
e Eduardo Valente
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