Velvet Goldmine, de Todd Haynes
DAVID CRONENBERG
Esperando eXistenZ...
filmografia completaÉ MARGINAL! parte II:
CARLOS REICHENBACH (II)
JOÃO CALLEGARO
JOÃO SILVÉRIO TREVISANO teste de ácido do
CINEMA ELÉTRICORealismo e Neo-Realismo
em ANDRÉ BAZINAFETIVIDADE e TRABALHO em quatro filmes de Hollywood Ombudsman: IDIOTORIAL Permanência: como se filma um corpo?
Falar sobre permanência no cinema é sempre complicado. De um lado, a simples presença permite-nos dizer que o coisa está lá, que ela ocupa o seu lugar. Inversamente, podemos dizer também que no cinema não há nenhuma permanência, uma vez que nunca vemos o mesmo fotograma duas vezes, que o cinema é a arte da passagem e que não há permanência qualquer, que o cinema é destituído de peso.
Se tomarmos a questão a partir de seus efeitos possíveis, vemos que a questão carrega inúmeros vícios teóricos. O cinema produz efeitos, logo ele não é destituído de peso. Mas não basta um corpo, entretanto, ser filmado para que se dê a real dimensão desse corpo. O cinema é instrumento mental, e filmar é também uma questão de pesar. Apresentar pesos, filmar valores parece ser a proposta de Todd Haynes e David Cronenberg, cineastas com diversos pontos em comum, mas com uma área de especulação bastante diferente. Se Haynes aposta na metonímia como figura para dar conta do social, dos grandes fluxos de crença no seio da sociedade, a procura de Cronenberg é tanto mais por uma procura individual, onde se inscreve o vício e a doença, tanto como a promessa de um melhor futuro. Esses valores têm peso, esse peso é oferecido ao espectador.
Sobre permanência é também a obra teórica de André Bazin, até hoje o principal teórico do cinema em seus primeiros 50 anos. Notório defensor do plano seqüência e de duração, Bazin via o cinema como o meio de expressão para poder filmar verdadeiramente a realidade, dar real peso e significação aos objetos filmados. Pesar valores: tarefa também da crítica, e os filmes de psicodelia estão aí para mostrar um outro universo, um outro mundo de valores e crenças. Pesar valores é o ânimo primeiro de qualquer produção cultural (tomando o termo em seu sentido mais geral); é nosso desejo principal.
Ruy Gardnier
Contracampo é: Alfredo Rubinato, Bernardo Oliveira, Eduardo Valente, Luiz Rezende Filho, Marlos Salustiano, Rafael Viegas, Ruy Gardnier e Vágner Rodrigues. Colaboradores: Christian Caselli, Eduardo Guerreiro, Fabian Nuñez, Hernani Heffner e Jayme Chaves. Na França: Julien d'Abrigeon. Coordenação geral: Ruy Gardnier.