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O Sorriso de Mona Lisa
Mike Newell, Mona Lisa smile, EUA, 2003 |
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O Sorriso de Mona Lisa é mais um exemplar
daquele sub-gênero onde um professor chega a uma
escola e transforma a vida dos alunos. Nada contra a isso
em si, mas a forma como tudo aqui segue a fórmula,
sem qualquer esforço de imaginação,
mina rapidamente o interesse que se pode ter no filme.
Com menos de meia hora sabemos tudo que irá acontecer.
Até ai tudo bem, mas com menos de meia hora também
sabemos exatamente como tudo vai acontecer
e aí sim temos um problema grave.
Mike Newell é um diretor competente, mas aqui parece
perdido, administrando tudo da forma mais burocrática
possível (ele já havia sido contratado para
dirigir o quarto Harry Potter antes das filmagens,
o que talvez explique o trabalho preguiçoso aqui).
O mesmo parece valer para o bom elenco (exceção
feita a Maggie Gyllenhaal) que também parece satisfeito
com um bom cheque.
O Sorriso de Mona Lisa também é um
perfeito exemplar daquele sub-gênero de filmes que
retornam ao passado para afirmar a superioridade do nosso
presente. O problema aqui não é o número
de mancadas de reconstituição que os realizadores
cometeram, até porque chega a ser absurdo exigir
uma reconstituição perfeita do período
(como a crítica americana adora fazer) de uma equipe
que, de modo geral, o conhece só por outras representações
(Longe do Paraíso, um filme que definitivamente
não é sobre os anos 50, tem quase tantos
erros quanto). O que incomoda é a completa falta
de curiosidade dos responsáveis pelo que eles tratam.
Um comentário que está no press-release
me parece mais relevante do que qualquer coisa dentro
do filme (até porque ele explica muito do que há
de podre nele): os roteiristas explicam que tiveram a
idéia do filme ao ler uma entrevista sobre como
era a escola onde a ação se passa, na década
de 60, e resolveram imaginar como ela teria sido
10 anos antes. Porque é exatamente isto que o filme
faz: compra um punhado de clichês sobre o que ele
mostra, sem nunca questionar até onde eles são
verdadeiros ou não; o quê para um filme sobre
uma personagem supostamente inconformista, é muito
esquisito.
Filipe Furtado |
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