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Laurel Canyon A rua das tentações
Lisa Cholodenko, Laurel Canyon, EUA, 2002 |
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Ao
lembrar que nomes de logradouros da cidade de Los Angeles
já serviram de título a filmes memoráveis
(Sunset Boulevard, Mulholland Drive),
alguém pode criar alguma expectativa com relação
a este Laurel Canyon. Só que este título
é a única coisa que aproxima este trabalho
de Lisa Cholodenko dos clássicos de Billy Wilder
e David Lynch. Como boa parte da produção
contemporânea daquilo que se convencionou chamar
de cinema independente americano, Laurel Canyon
é banhado em uma banalidade e inexpressividade
tão evidentes que praticamente nada no filme parece
justificar o ato de assistí-lo.
A intenção parece ter sido pintar um retrato
da oposição entre filho certinho e mãe
doidona; nenhuma novidade, então. Uma vez que os
personagens parecem tão rasos e estereotipados
e as situações propostas pelo roteiro tão
previsíveis, resta ao espectador aguardar em
vão que aconteça alguma surpresa que tire
o filme do marasmo. Não era preciso que fossem
gastos 103 minutos para dizer que todos devemos ser flexíveis
ou ao menos nunca tão radicais em nossas opiniões
ou modos de vida.
É improvável que alguém desenvolva
qualquer identificação positiva com a personagem
do jovem médico caretão (Christian Bale)
que retorna a Los Angeles com a noiva, uma geneticista
que trabalha em uma tese de mestrado (Kate Beckinsale,
linda, linda) e fica obrigado a dividir uma casa com sua
mãe, uma produtora de discos de rock que preserva
o espírito dos anos 60 (Frances McDormand) e toda
a banda com a qual ela vem desenvolvendo um trabalho.
O filho é um chato de galochas e não há
como torcer por ele quando a noiva começa a ficar
cada vez mais seduzida pelo estilo de vida da mãe
e seu amante roqueiro.
Por isso mesmo, parece bastante desagradável e
moralista a opção de fazer com que a mãe,
a única personagem do filme que desperta algum
interesse ou simpatia, em parte pelo carisma vindo da
grande atriz que a interpreta, ensaie ao final um pedido
de desculpas ao filho. O que o filme nos faz concluír
é que sua maior falha parece ter sido educá-lo
segundo os princípios liberais dos hippies,
ou seja, sem lhe dar de vez em quando uma meia dúzia
de palmadas, apenas o suficiente para impedi-lo de, quando
adulto, se tornar um grande e mediocre "zé-mané".
Gilberto Silva Jr. |
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