VELOZES E FURIOSOS 5 - OPERAÇÃO RIO
Justin Lin, Fast Five, EUA, 2011

Em franquias de ação, como a de Velozes e furiosos, quase sempre é preciso ir cada vez mais longe, tanto no tom quanto em distância (geralmente a um lugar exótico), para manter o interesse do público. Depois de ter pisado em Tóquio, o Rio de Janeiro era um caminho natural a ser trilhado. E, então, tudo o que se espera da máquina hollywoodiana processando o estrangeiro está presente: as incoerências geográficas, as inverossimilhanças sociopolíticas, o tratamento exotizante na caracterização dos personagens locais etc. Em suma, tudo aquilo que é capaz de deixar ofendidos os pobres de espírito.

Ao restante, o que realmente ofende é o subaproveitamento daquilo que, de fato, é o seu elemento mais exótico: Dwayne Johnson, um personagem esculpido no mesmo molde que o de Paul Walker, no primeiro filme da série (a diferença, claro, é que a matéria prima do primeiro é a rocha e a do segundo é o kit de quatro cores da Play-Doh). O ex- The Rock, cujos braços não são formados por músculos e sim por hipérboles, sempre suado em cena, mais significando raiva do que esforço, talvez nunca tenha parecido tão grotescamente monstruoso quanto em Velozes e furiosos 5 – Operação Rio. E Justin Lin, ao invés de utilizar esse trator feito de aço que é Johnson para carregar a mise en scène, prefere mostrá-lo parado em uma oficina, dando ordens, ou conversando com uma agente brasileira e dando mais ordens. Tratores de aço não falam, quanto mais dão ordens. Eles puxam, mexem, destroem, movimentam-se. Causam desordem.

Nos poucos momentos em que o ator está realmente em ação é que o filme gera interesse. A cena de um minuto em que Johnson e Diesel trocam porradas, quase formando um bloco indistinto, não por falta de clareza do registro, mas pela própria coreografia da luta e pelo aspecto físico dos dois participantes, vale muito mais do que os vinte longos minutos de clímax, em que dois carros arrastam um gigantesco cofre de aço e destroem, infantilmente, construções nas ruas do Rio de Janeiro.

Como é a prática do cinema de ação hollywoodiano atual, no entanto, filma-se muito mais a matéria em CGI do que o músculo. O que parece não afetar o sucesso e a continuidade desta franquia. Para que se mantenha viva, basta que vá a algum outro lugar esquisito e que atualize os softwares dos computadores da equipe de efeitos especiais. 

Wellington Sari


 Maio de 2011