Em franquias de
ação,
como a de Velozes e furiosos, quase sempre
é preciso ir
cada vez mais longe, tanto no tom quanto em distância
(geralmente a um lugar exótico), para manter o interesse do
público. Depois de ter pisado em Tóquio, o Rio de
Janeiro era um caminho natural a ser trilhado. E, então,
tudo
o que se espera da máquina hollywoodiana processando o
estrangeiro está presente: as incoerências
geográficas,
as inverossimilhanças sociopolíticas, o
tratamento
exotizante na caracterização dos personagens
locais
etc. Em suma, tudo aquilo que é capaz de deixar ofendidos os
pobres de espírito.
Ao restante, o que
realmente ofende
é o subaproveitamento daquilo que, de fato, é o
seu
elemento mais exótico: Dwayne Johnson, um personagem
esculpido
no mesmo molde que o de Paul Walker, no primeiro filme da
série
(a diferença, claro, é que a matéria
prima do
primeiro é a rocha e a do segundo é o kit
de
quatro cores da Play-Doh). O ex- The Rock,
cujos braços
não são formados por músculos e sim
por
hipérboles, sempre suado em cena, mais significando raiva do
que esforço, talvez nunca tenha parecido tão
grotescamente monstruoso quanto em Velozes e furiosos 5
–
Operação Rio. E Justin Lin, ao
invés de
utilizar esse trator feito de aço que é Johnson
para
carregar a mise en scène, prefere
mostrá-lo
parado em uma oficina, dando ordens, ou conversando com uma agente
brasileira e dando mais ordens. Tratores de aço
não
falam, quanto mais dão ordens. Eles puxam, mexem, destroem,
movimentam-se. Causam desordem.
Nos poucos momentos em
que o ator
está realmente em ação é
que o filme gera
interesse. A cena de um minuto em que Johnson e Diesel trocam
porradas, quase formando um bloco indistinto, não por falta
de
clareza do registro, mas pela própria coreografia da luta e
pelo aspecto físico dos dois participantes, vale muito mais
do
que os vinte longos minutos de clímax, em que dois carros
arrastam um gigantesco cofre de aço e destroem,
infantilmente,
construções nas ruas do Rio de Janeiro.
Como é a
prática do
cinema de ação hollywoodiano atual, no entanto,
filma-se muito mais a matéria em CGI do que o
músculo.
O que parece não afetar o sucesso e a continuidade desta
franquia. Para que se mantenha viva, basta que vá a algum
outro lugar esquisito e que atualize os softwares
dos
computadores da equipe de efeitos especiais.
Wellington Sari
Maio de 2011
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