Meryl
e Paul estão
separados, mas ele a procura e busca reatar a vida a dois, pedindo
desculpas pelo caso extraconjugal que ocasionou a briga. Numa noite
em que discutem a relação enquanto caminham pelas
ruas
de Manhattan, testemunham o crime cometido por um matador
profissional, que passa a persegui-los. Não resta
alternativa
à polícia a não ser
colocá-los no sistema
de proteção a testemunhas e mandá-los
para o
meio do nada, isto é, para Ray, uma cidadezinha
minúscula
situada nas profundezas do Wyoming.
Terá início,
então,
uma comédia de recasamento fundada nos mais
previsíveis
clichês sobre as oposições entre homem
e mulher,
no plano romântico, e nova-iorquinos e caipiras, no plano
cultural. Cosmopolitas, saudáveis, democratas,
Meryl
e Paul precisam se adaptar àquela comunidade isolacionista,
carnívora, republicana. Aos poucos, enxergam e
aprendem a admirar alguns dos valores dos caipiras. Enquanto isso,
redescobrem-se como casal.
Sarah
Jessica Parker e
Hugh Grant fazem os papéis principais. Ela continua
esquisitinha, chata e tagarela. Este último atributo até
poderia
contar positivamente, relembrando um traço
característico
das comédias de recasamento dos
anos 1930/40, em que o jogo dramático era um
verdadeiro
duelo de palavras e os atores funcionavam como metralhadoras
falantes, a exemplo do que ocorre com Cary Grant e Rosalind Russell
na obra-prima Jejum de Amor, do Hawks. Mas
não é
o caso em Cadê os Morgans?: a personagem
de Sarah
Jessica Parker fala aquelas mesmas falas enjoadas de sua personagem
em Sex and the City e
Hugh Grant continua aquele cara legal, com aquele charme e aquele
humor britânicos que lhe são próprios,
mas que há
dez anos faz um mesmo estereótipo e nunca ultrapassa a
barreira do mediano.
O
pior do filme cabe à
insistência com sua patética subtrama: o matador
colhendo pistas até finalmente encontrar o casal e tentar
matá-lo novamente. Há ainda um
inexplicável
romance secundário entre o assistente de Paul e a
secretária
de Meryl, que mais parece um pretexto para incluir Elisabeth Moss (a
Peggy de Mad Men)
no elenco
do que qualquer outra coisa. Muito desagradável.
Luiz Carlos Oliveira Jr.
Abril de 2010
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