O
enredo iniciático
do mal, ponto de partida da franquia mais famosa de Stephen Sommers
(A Múmia), é reencenado agora
através de
uma mitologia menor (se comparada às lendas do Egito
antigo),
a das tropas de elite secretas representadas pela
coleção
de brinquedos conhecida no Brasil como Comandos em
Ação.
Sommers encontra liberdade neste projeto para mergulhar mais fundo em
seu mundo pós-orgânico,
pós-mecânico, reino
da infinita plasticidade e modulação. Nesse
paraíso
infantilóide feito de CGI, a carne analógica
é
trocada por um desfile de imagens que só retêm do
corpo
a figura. Nenhum personagem em G.I. Joe se
fere ou se machuca: eles se desfiguram.
Uns, discretamente (cicatriz no rosto de Duke/Channing Tatum);
outros, radicalmente (rosto irreconhecível de Rex/Joseph
Gordon-Levitt). A figura adquire independência em
relação
ao corpo, do qual o próprio movimento se desprende para
realizar-se como puro delírio gráfico. O corpo
não
é mais suporte ou meio do movimento, mas seu
depositário.
A dramaturgia, em paralelo, se troca por um workshop
de brinquedos e efeitos (dentre os quais a queda da Torre Eiffel é o único realmente bacana).
O
eventual prazer do espectador depende da maior ou menor
adesão
ao “jogo”.
Luiz Carlos Oliveira Jr.
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