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Ida Lupino, realizadora
Não
foram poucas
as vezes em que abordamos cineastas especiais, de cujas obras,
após
concluídos os textos, ficaríamos ainda mais
próximos
do que já estávamos antes. Por esse lado,
então, o dossiê
dedicado à
carreira de Ida Lupino como realizadora será apenas um
número a mais da Contracampo. Por outro lado, pela natureza
mesma do objeto escolhido,
os artigos demonstram que estamos diante de um cinema tão
essencial, tão vital, que parece absurdo só termos
chegado a ele depois de dez anos de revista. O cinema de Lupino nos
obriga a cobrar mais de nossa atividade como críticos. Assim
sendo, o que temos aqui não é somente mais um
número, e sim a constatação de que, se foram
necessários dez anos até que chegássemos a uma
pauta Ida Lupino, é porque (felizmente)
estamos
apenas
começando a trilhar um caminho nessa atividade
difícil
que é a crítica cinematográfica.
A pauta se concentra nos sete longas-metragens feitos por Ida Lupino para o cinema, mas haveria
ainda muito o que explorar nos trabalhos que ela dirigiu para a TV
em séries as mais variadas (Twilight
Zone,
Have Gun Will Travel, Alfred
Hitchcock Presents, Hong Kong, The
Untouchables
etc). Sem falar, evidentemente, na sua carreira de atriz em filmes de
diretores como Allan Dwan, Raoul Walsh, Michael Curtiz e Robert
Aldrich, entre outros.
Esperamos
que a edição compense a excessiva demora de uma nova atualização da
seção
de artigos, que, como o leitor bem sabe, na atual dinâmica da
revista é aquela que mais tem saído
prejudicada em
termos de periodicidade. Mas há
medidas sendo tomadas: a renovação
já feita no Plano Geral, por exemplo, abre a possibilidade
de outras
reflexões, não necessariamente conectadas a uma
pauta,
ocorrerem com mais frequência e mais liberdade. Obviamente,
não
nos damos por satisfeitos com um número a cada semestre,
reconhecemos que precisamos encurtar o espaço entre
duas
pautas de grande porte, e estamos trabalhando para que isso aconteça sem
abrir mão do essencial: a
consistência
dos artigos e da pauta em seu conjunto.
Sem mais
auto-explicações, convidamos vocês à leitura dos textos
sobre
Ida Lupino. Que a franqueza, a simplicidade
e a humildade dessa magnífica cineasta fiquem como
lições
duradouras para todos nós.
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