É natural que ao final de todo
ano, depois de meia dúzia de edições e diversos textos
espalhados pelas seções de críticas e o Plano Geral,
algum filme estreado em circuito e digno de nota tenha
passado batido pela Contracampo. Em 2007, no entanto,
o número desses "inéditos" na revista foi bem maior,
e ignorou títulos não apenas dignos de nota, mas verdadeiramente
importantes para que se compreenda o panorama do cinema
apresentado no ano passado (alguns chegando mesmo a
ter lugar nas listas de melhores tanto da revista quanto
dos leitores). As razões para que estes filmes nos
tenham escapado são
as mais
diversas.
Ao
longo do último ano, a Contracampo se viu com um número
de redatores ativos bem inferior ao dos anos anteriores,
e assim a cobertura diária do circuito acabava atropelando
essa nova dinâmica do grupo. Mais que isso talvez,
o próprio circuito foi muito ingrato com alguns de
seus filmes mais instigantes. O caso central, que detonou
esta pauta, foi o de Zodíaco. Depois
de um primeiro contato com o filme de David Fincher,
e ainda superando o fato de que, bem, o filme
deste sujeito por quem não dávamos nada estava provocando o
alvoroço que provocou entre nós (e nas outras revistas
de crítica e fóruns de cinema pelo mundo), tomando
tempo para rever aqueles seus trabalhos anteriores
que (alguns muito justamente) havíamos delegado ao
lixo da História, quando voltamos aos cinemas para
uma revisão mais que bem-vinda, o filme já não estava
mais por lá. O lançamento em DVD, a chance de rever
certas seqüências, pausar e retornar certos planos,
parecia uma boa chance de finalmente dar vazão, em
texto, a tudo aquilo que Zodíaco nos
provocara, sobretudo na edição que tradicionalmente
faz um balanço do que se viu no cinema do ano anterior.
E se com este, por que não com todos aqueles outros
filmes
que
despertaram
a nossa atenção mas nunca chegaram a ter uma crítica
a seu respeito? Assim se montou esta edição 91.
Boa leitura, e divirtam-se.
Rodrigo de Oliveira
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