No dia seguinte à exibição
de Falsa Loura, logo na abertura da Mostra de Tiradentes, a equipe do
filme passava por sabatinas constantes de praticamente
todos os veículos de
comunicação credenciados por ali. E mesmo com a presença estonteante de Rosanne
Mulholland, homenageada daquela edição da Mostra, e de um dos atores-celebridade
mais badalados do país, Cauã Reymond, era Carlão Reichenbach o mais exigido para
entrevistas (nada mais natural, num festival que preza
tanto pela discussão autoral, e que já tinha presenciado, tanto na fala de abertura
da sessão do filme como no debate daquela manhã, um diretor tão
disponível e encantador ao falar de seu trabalho – e do trabalho de seus colegas).
Luiz Carlos e eu conseguimos finalmente falar com Carlão, roubando-o
de uma matéria feita para uma tevê pública, e correndo antes que precisasse entrar
ao vivo num programa de rádio mineiro. A intenção inicial era esgotar certas
questões levantadas por Carlão no debate a respeito de seu filme novo (e que
o leitor pode conferir, resumidamente, nos dois trechos de áudio que
disponibilizamos à época da cobertura da Mostra, clicando aqui).
Mas, como qualquer um que um dia tenha a chance de conversar pessoalmente com
o cineasta, muito
rápido cedemos às nossas intenções em nome do manancial de novas idéias e
informações que Carlão nos propunha. A seguir, vocês poderão ler detalhes da
concepção e realização de Falsa Loura (cuja
estréia no circuito comercial está marcada para o início de abril), sobre
a relação do diretor com seus parceiros de trabalho mais freqüentes e o universo
de referências trazidas pelo filme. E, mais que isso, Carlão revela detalhes
sobre seu próximo projeto, O Mar das Mulheres
Mortas, filme que retoma seu anterior Filme Demência, e que, segundo ele, tentará restituir a capacidade
de abstração que o diretor tinha aos 12 anos de idade e que, depois de acreditar
tê-la perdido, pode experimentar novamente durante os quatro dias que ficou sob
efeito da morfina, logo após uma cirurgia no coração, em 2001. (RO)
***
Rodrigo de Oliveira: Queria que você falasse um pouco mais sobre a montagem do
filme, tendo em vista essa “tomada de poder” que você declarou que a Rosanne
Mulholland promoveu, ao longo do processo. Claramente, em algum momento do filme,
as outras personagens operárias e o pai da
protagonista vão sendo deixados de lado, em nome dessa figura de força que está ali
no centro, em nome do drama individual dela.
A diferença entre esse filme e o Garotas do ABC, você mesmo já tinha comentado isso, é que
aquele era um filme sobre o coletivo. Aqui, não, aqui a estrutura do roteiro
já previa se concentrar numa atriz. Aliás, o único momento em que ela
não está em cena, é o pai que está – que não deixa de ser uma continuação dela,
o outro lado. E muita coisa foi, obviamente, sendo construída ao longo do processo
todo. Uma coisa que eu acho essencial, e que aconteceu alguns dias
antes de começar a filmar, foi a de introduzir um personagem novo, uma coisa
literária. Eu senti essa necessidade. O filme estava narrativo demais. Daí eu
meto uma porra-louca lá, uma mulher que aparece lendo Sócrates sem mais nem
menos. É das coisas que eu mais gosto no filme, e surgiu durante a filmagem.
Uma personagem que surja comentando os outros personagens, mas que pareça meio en passant, inventar uma entidade lá dentro.
Uma porra-louca que fica queimando fumo lá... E eu queria que houvesse
uma preparação para a entrada da figura do pai naquele drama, positivando o personagem
inclusive. O pai tem que entrar como transgressor. Ele é um grande fodido, mas
ele é o personagem que vai botar ordem na desordem, ou desordem na ordem. Eu
tinha que introduzir alta filosofia no meio da baixaria. [risos] Eu estava muito
impressionado por um livro sobre o Sócrates, de um cara que eu gosto muito, um
pensador de cinema que também escreve livros sobre questões
místicas, eu fiz um documentário chamado Equilibro e Graça baseado nos
livros dele, se chama J.C. Ismael, era crítico de cinema, um excelente crítico,
muito ligado a Paulo Emílio. E ele começou a se ligar muito em filosofia
mística, que é uma área que me interessa muito. E escreveu um livro chamado “Sócrates
e Arte de Viver”. O cara ali faz uma apologia do transgressor, o que muda a
sociedade é a figura do transgressor, então isso tinha que aparecer no filme,
esse fantasma da ópera tem que funcionar como figura transgressora. Nada mais
transformador que o fogo [o pai da protagonista é um ex-incendiário], que é considerado
quase uma renovação, e isso surgiu durante a filmagem, não estava no roteiro.
Eu gosto de botar essas coisas assim, sem mais nem menos. Quando
você menos espera, lá dentro aparece aquela vestal, godardiana, “tá muito careta
esse filme”.
RO: E a primeira
aparição da vestal é fora de contexto, né? Ela aparece e some, sem dar muita
indicação do que ela seja. Depois é que...
É
um trailer, né? Do que você vai ver depois. Porque é uma
coisa muito estapafúrdia você já entrar com uma citação do Sócrates logo de cara
[letreiros que aparecem no filme antes mesmo dos créditos iniciais]. Uma
citação que fala sobre a dor e o prazer, mas que vai definir aos poucos quem é esse
personagem lá dentro. E a gente continuou esse processo durante a montagem. A
criação do filme não se limita ao roteiro ou a filmagem. Até a hora de mixar
o som a gente está mudando o filme. É preciso estar aberto pra essa
intervenção. Eu não quero o profissional, eu quero o cúmplice. O que você busca
no montador, no co-roteirista, no fotógrafo, é um cúmplice. Se não for assim,
faço eu mesmo! Eu fui fotógrafo de metade dos meus filmes, e em alguns fui autor
da trilha sonora. Se o cara não está entendendo o que eu quero... Eu quero um
cara que viaje junto. Eu sempre tive uma grande relação com meus montadores,
curiosamente. Por muito tempo trabalhei com o Éder Mazini, e por outro lado,
de uma afinidade pelo lado crítico na relação com o cinema, com o
Inácio Araújo, que é um excelente montador – fez uma montagem no Lilian M. que é um
primor. Eu tiro o chapéu pra momentos como a montagem do Éder para Anjos do
Arrabalde, talvez o filme menos ousado que eu tenha feito, mas que virou
outra coisa lá dentro da sala de montagem. E a Cristina Amaral, pra mim, é uma
irmã. Funciona mesmo como co-roteirista. É uma das poucas pessoas que eu escuto
antes mesmo de filmar, quando o roteiro ainda está sendo costurado. Porque eu
sei que depois nós vamos também trabalhar dessa forma. O montador tem que ser
mesmo um co-autor: ele não tem que dar palpite, ele tem que dar subsídio. Palpite
qualquer idiota dá. É que nem diretor de arte: ele não tem que te dar o essencial,
ele tem que te dar o excesso. Deixa que eu mesmo arranco coisas
fora, me dê a mais. Quero sempre que me dêem a mais. Não pode rolar jogo de
poder. “Se não botar a minha idéia, não trabalho mais com você”. Ora, vai pra
casa, vai se foder! Eu não tenho medo, e quem trabalha comigo não pode ter
também. Se o fotógrafo disser que não faz determinada coisa, é “obrigado, até logo”,
e o meu fotômetro anda sempre na bolsa, vou lá e faço eu. [risos] Você espera
que o cara te dê a mais. E eu me dou extremamente bem com o Jacob [Solitrenick,
fotógrafo de Falsa Loura, Bens Confiscados e Garotas do ABC] porque ele
não tem medo de experimentar – e melhor, ele gosta é disso.
Luiz Carlos
Oliveira Jr.: Agora falando sobre influências, o Falsa Loura me parece
ter duas muito explícitas. Uma que é o Howard Hawks, na cicatriz que marca o
rosto do pai da protagonista, e outra que é a citação direta ao John Ford, o
axioma-mor do western...
A frase do Edmund O’Brien, né. “Imprima-se a lenda”.
LCOJr.: E isso é uma coisa pesada no filme, porque essa dimensão hawksiana-fordiana
marca o peso
do passado, aquele céu de chumbo que fica ali sobre o personagem do pai dela.
Um plano marcante do filme é ele na colina, fitando aquele céu nublado – e é esse
signo da cicatriz, do passado que é imutável. E esse peso do destino, que é algo
raro no cinema contemporâneo, cineastas que façam algo pesar sobre o mundo que
estão construindo ali, chega ao filme por essas duas referências
fortes. E você já disse que não tem vergonha nenhuma de assumir que a época de
realização de um filme seu é a época em que você mais vê filmes dos outros, pra
se inspirar mesmo. E aí chega à seqüência do Falsa Loura que você mesmo
declarou que é uma das três preferidas de toda a sua carreira...
É
a cena da varanda, em que eu repito o menino, o olhar do
menino, que é o Jacques Perrin de A Moça com a Valise. O que eu acho é que
o filme tem realmente muitas referências, e deve ter, mas isso não pode incomodar
a narrativa. Quem não conhece música tem que receber a coisa naturalmente, sem
atravancos, tem que fazer parte do filme. Mas quem conhece
tem a obrigação de entender aquelas referências musicais – das quais o filme
está cheio, de cabo a rabo. A música pra mim é um personagem, e sempre foi – desde Correndo
Em Busca do Amor, desde o primeiro filme. Esse filme é montado, inclusive,
pelo Silvio Renoldi, que montava em cima da música. Ele parecia que montava cansado,
mas chegava a trilha e ele mudava, e a montagem
tomava um corpo diferente. Ele é um montador instintivo, e talvez tenha feito
a
melhor montagem do cinema brasileiro, que é a do Bandido da Luz Vermelha,
onde a música tem uma importância essencial. Foi o Silvio que sugeriu aquela
patrulha radiofônica, por exemplo. Ele adorava trabalhar com esses clichês, porque
no fundo ele gostava. O clichê só tem sentido quando não é feito de forma pejorativa.
Você tem respeito por aquilo. Só não vá me botar música ruim, fora isso, vale
tudo. As referências que você tem lá dentro [de Falsa Loura]
vão desde música gravada por Roberto Carlos a Bach. Mas com Deus a gente não
mexe, né, então o maestro [Nelson Ayres, responsável pela trilha sonora do filme]
rearranjou e gravou com orquestra o tema de Anna Magdalena Bach, que é, na verdade,
o que inspirou o tema de Camille em O Desprezo. O filme tem
citação ao Desprezo, e pouca gente percebe. [risos] Como, por exemplo,
todo aquele passeio no haras do personagem do Maurício Mattar, que eu tinha que
filmar como se fosse um clipe musical romântico, um clipe bunda, como eu vou
filmar aquela merda? Existe então essa preocupação, não só na filmagem como no
tratamento musical, de lidar com o clichê com respeito.
LCOJr.: Na cena da
varanda, mais uma vez, existe ali um repertório estilístico, uma variedade de
efeitos estéticos, você coloca a Rosanne Mulholland em cima de um carrinho, faz
um truque ótico, um tipo de construção visual, um trabalho expressivo com a luz – a
gente estava comentando uma outra cena que a gente gosta muito, que é quando
o Bruno, o personagem do Cauã Reymond, vai dar o primeiro beijo nela, naquela
boate, depois do show, e o drink verde que ela está tomando de repente reflete
uma luz no rosto dela. É um tipo de construção de imagem, mas também
uma ênfase dramática, uma total falta de pudor e medo de construir certas
metáforas visuais (os dois num amasso quente ali dentro do ônibus, e ele de repente
entra num túnel, à la Intriga Internacional, uma metáfora sexual
explícita). Tanto por esse repertório estilístico, que eu não vejo em muitos
outros cineastas brasileiros, uma vontade de experimentar com efeitos luminosos,
efeitos visuais, construções cenográficas no limite do abstrato, às vezes no
limite do absurdo daquilo ali, e essa entrega à ênfase dramática, você se sente,
em algum momento, deslocado dentro desse cenário do cinema brasileiro, em que
não se vê esse tipo de coisa, brasileiro, mas eu diria
também mundialmente...?
Isso é uma conversa pra dias, né... Mas isso passa pelo seguinte: as novas tecnologias
trouxeram um benefício muito grande, por um
lado, e uma grande perversão, por outro. Eu quero fazer futuramente um filme
em
que eu vou precisar muito desses recursos, e existem coisas que eu já fiz mesmo
no Falsa Loura, e que não custaram nada. Eu nunca fiz tanta fusão na minha
vida, eu me senti o próprio George Stevens! [risos] Porque eu nunca fiz isso
antes? Porque custava o olho da cara, uma fusão, uma trucagem. Algumas coisas
são caras, ainda, mas outras são muito simples de se fazer. Botar uma lua em
cena, por exemplo. Retocar o corpo de uma atriz, quando necessário – corrigir
imperfeições. Eu estou me preparando agora pra fazer o filme mais caro da minha
vida. Estou me preparando, inclusive, porque vou trazer duas mulheres de fora,
uma atriz e um... um mito. Um mito feminino, uma vestal, uma professora de yoga,
das mulheres mais baixadas na internet, hindu-americana – e que faz filme de
sexo explícito. Eu preciso de uma cena, nesse filme, mas que seja realmente uma
coisa que nunca foi vista. E esse filme depende muito dessa
finalização, coisa que eu não poderia fazer no passado. Eu tenho que quintuplicar
o número de atores e figurantes em cena. É uma retomada do Filme
Demência. Vou fazer com o Ênio Gonçalves, que é meu alter-ego – não porque
a gente se pareça, nem nada, eu gosto de trabalhar com ele porque ele é autor, é diretor
de teatro, ele dá sempre a mais. Ele é o Maurice Ronet brasileiro. É o único
ator que poderia fazer Trinta Anos Esta Noite, poderia filmar aquele personagem
que se despede do mundo, um a um, e depois coloca uma bala na
cabeça. É um dos poucos atores brasileiros com formação de cinema, ele é formado
no Centro Sperimentale di Cinema. Ele é um pouco como o Paulo José nesse sentido,
atores que podem trabalhar até com a nuca, né? Mas o que eu quero fazer neste
filme é restituir uma capacidade de abstração que eu tinha aos 12 anos de idade
e que eu não tenho mais. Nenhum cara tem mais. E eu vim a restituir isto na minha
ressurreição, quando eu estava lá no Incor – eu fui internado faltando seis horas
pra morrer. Eu fui ressuscitado lá dentro. Quando me operaram, me abriram aqui
no peito (eu sou emendado a aço, né), você é violentado, me abriram pra mexer
no meu coração. Um dia você acorda no hospital, e te abriram inteiro. Todo entubado:
tubo no pau, na pleura, no
coração, um cara que precisa fazer uma lavagem intestinal e então de põe um tubo
no rabo, ou seja, você passa uma experiência que você nunca teve na vida. Mas
aquele período do retorno, quando eu retornei, eu passei quatro dias sob o efeito
da morfina. E nesse momento eu restitui essa memória da infância, de um roteiro
que eu escrevi quando tinha 12 anos de idade. E esse filme é exatamente sobre
um cara que larga uma filmagem no meio do processo, de um filme que ele escreveu
aos 12 anos. É onde ele tenta realmente resgatar a capacidade de
abstração dele, o compromisso que você não tem mais com narrativa, com lógica,
com nada. E aí faz um levantamento da vida junto com isso. É um filme pretensioso,
que se foda... Eu sempre tive medo de começar esse projeto porque eu sempre tive
a impressão amarga de que estaria fazendo meu projeto terminal. De forma nenhuma,
queria muito continuar a fazer filmes depois dele. Mas eu tenho muito medo que
vire o que virou o Saló para o Pasolini. Vai fazer o que depois daquilo?
Não vai fazer mais nada. Ele fez um filme que é o fim do mundo, e depois que
o mundo acabou não resta nada a fazer. Então eu quero
restituir essa idéia original, e esse aparato tecnológico vai me possibilitar
fazer coisas que eu não poderia antes. O projeto já tem nome, é o mesmo nome
do
roteiro que eu escrevi aos 12 anos: chama-se O Mar das Mulheres Mortas. É um
filme absolutamente surrealista, um apelo desesperado à imaginação, à minha
imaginação e à liberdade de pensamento que eu tinha quando menino e que não tenho
mais. E eu tenho que filmar 30 mulheres nuas sendo trazidas pelo mar. Como eu
vou filmar isso? Vou contratar 10 e depois triplicar na montagem. Essa é a imagem
obsessiva deste personagem. Fora isso, eu tenho que deixar um cara dentro do
Incor, pra filmar de perto 30 ou 40 cirurgias cardíacas, pra depois usar alguns
segmentos. Não posso entrar, tem que ser um médico pra fazer isso. Quero filmar
o cara abrindo, dreno entrando no pau. Eu quero filmar as imagens mais abjetas,
mas as mais sublimes que eu já filmei na minha vida também. Esse filme vai ser
um divisor de águas mesmo. Eu já me preparei pra isso por um
tempo. E eu não vou me demorar mais, senão acabo não fazendo nunca. O que eu
vou poder fazer, pra conseguir algum financiamento internacional, é negociar
a
vinda de duas atrizes que vem de fora, e que eu vão filmar só por três dias.
RO: Quem são elas?
Ah, isso eu não posso revelar. [risos] É o segredo do meu caldo. Chegando a esses
eventos de co-produção internacional, eu mostro lá o contrato com estas duas
atrizes, e isso pode me adiantar, os caras me dão o
dinheiro. Não vejo outra forma, porque eu não tenho muito como vender um projeto
tão pessoal, e na verdade tão anticomercial, num certo sentido. Aliás, muito
pelo contrário. Acho que a ousadia dele vai torná-lo um filme
interessante. Não pra pegar um mercado de cinema narrativo, evidentemente...
Voltando à idéia da digitalização, o processo de intermediação digital vai me
possibilitar fazer muita coisa nesse filme, como eu já fiz no Falsa Loura.
Mas essas facilidades só podem servir pra uma coisa: me traga imagens que você nunca
viu. O que vai te remeter de cara, nos dez minutos inicias, te garanto que vai
te remeter de cara ao A Idade do Ouro e Um Cão Andaluz. Uma outra
leitura, a coisa mais extrema possível. Eu nunca pude fazer isso.
Acho que o Império dos Desejos tem essa liberdade, de dar vazão às
idéias, mas é um filme tosco. Fiz sozinho a fotografia, e quase quebrei o carrinho
de tanto fazer travelling que não podia. Esse novo filme não, ele precisa
ter um vigor, essa loucura toda tem que ter um corpo. Porque o que eu vejo nessa
revolução da digitalização é que, junto com os benefícios, foi
trazida também uma certa preguiça. Fica todo mundo filmando que nem aquele americano
que só faz filme chato... Nixon....
RO: Oliver Stone.
Isso. O Oliver Stone não faz filme
de diretor, aquilo é filme de montador. O cara coloca 10 câmeras rodando simultaneamente.
Minha neta, quando fizer 3 anos, já pode fazer um filme assim.
Isso é uma estupidez. O conceito todo da nossa formação é outro, é usar a
câmera como uma caneta. O cinema levou 100 anos pra se aproximar da pintura.
No
dia que ele chegou próxima a ela, entra o digital e fode com a aproximação. Esse
idiota do Peter Greenaway, que só fala abobrinha e bobagem pra defender o trabalho
medíocre que ele anda fazendo. Vai falar mal da linguagem do cinema...
Vai à merda! Ele é que tá velho, é a vanguarda burra e envelhecida. Não tem coisa
que mais me incomoda hoje do que esses fetiches de grandes festivais. Me desculpe
quem gosta, mas eu vomito vendo um filme do Wong Kar-Wai. Esse cara é um tapeceiro,
bicho!
Entrevista realizada por Rodrigo de Oliveira e Luiz
Carlos Oliveira Jr., no dia 19 de janeiro de 2008,
no Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes.
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