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A Montanha Sagrada de
Alexandre Jodorowski deveria figurar na competição
[do Festival de Cannes]. Fundador do movimento “Pânico”,
com Arrabal e Topor, autor de happenings, colaborador
do mímico Marceau, realizador de Fando y Lis (baseado
na peça de Arrabal) e de El Topo, ambos ainda
inéditos na França, Jodorowski faz um cinema acima
de tudo pictórico, beneficiário de enormes meios e
que se situa em uma linha surrealista à Dali. A primeira
hora de A Montanha Sagrada é uma
sucessão
de “tableaux”,
onde uma imaginação luxuriante dá o seu livre curso,
acumulando as paradas de monstros e de animais exóticos,
as cenas de torturas e de delírio visual. Depois, o
filme se encaminha em direção à sua “mensagem”: uma
espiritualidade muito em voga nos Estados Unidos; a
alquimia, a busca da imortalidade e do êxtase, a iluminação
panteísta são evocadas em imagens, desta vez de uma
enorme pobreza. As pretensões filosóficas de Jodorowski,
que revela a escalada à montanha sagrada, não bastam
para suplantar as imagens muito fortes que ele soube
nos impor.
Michel Ciment
(publicado originalmente em Positif,
Paris, nº 154, setembro 1973,
p.67. Traduzido do francês por Fabián Núñez.)
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