|
N�o h� como n�o iniciar
este editorial sem pedir desculpas ao leitor ass�duo � assim
como �quele nem t�o ass�duo assim � pelo longo tempo em que
esta p�gina de abertura da revista permaneceu com o mesmo
rosto. Passado o nosso grande mergulho anual em cinema que
marca o per�odo dos festivais, vimos nosso ritmo desacelerar
de forma um pouco mais acentuada que nos anos anteriores.
O fim do ano chegou r�pido e, com ele, questionamentos importantes
sobre nossa pr�tica cr�tica, alguns derivados dos encontros
cinematogr�ficos que tivemos durante a Mostra de S�o Paulo,
outros de choques est�ticos no circuito recente, outros ainda,
da pr�pria formata��o corrente de nossas respostas ao cinema.
E o aglomerado que comp�e a se��o de artigos desta edi��o reflete em parte este
processo. Em nosso tradicional �o que restou dos festivais�, temos duas entrevistas
reveladoras com cineastas vitais do cinema contempor�neo que seguem fazendo seu
trabalho razoavelmente distantes dos holofotes dos grandes festivais internacionais.
Nicolas Klotz, j� conhecido e entrevistado nosso desde A Ferida (2004),
e Jos� Luis Guerin, agrad�vel descoberta de todos n�s � fruto da indica��o certeira
dos nossos Filipe Furtado e Rodrigo de Oliveira, � preciso dizer. Para complementar,
dois artigos que testemunham a �novidade� que Guerin nos apresenta. Seguindo
na onda dos choques, trazemos dois artigos sobre o festejado, difamado, defendido,
combatido filme de Jos� Padilha. Esta resposta um pouco tardia ao fen�meno que
se tornou Tropa de Elite busca ir um pouco al�m em alguns pontos que o
Ruy j� havia tocado em sua cr�tica do filme � �poca do lan�amento. Tomada alguma
dist�ncia do calor de sua recep��o, podemos dizer sem medo que � o filme-acontecimento
de 2007 e o filme de que o cinema brasileiro precisava.
A reflex�o sobre grandes lan�amentos em circuito n�o p�ra por a�: temos tamb�m
dois textos que buscam paralelos entre filmes aparentemente t�o diferentes quanto 300 e Em
Busca da Vida e Jogo de Cena e Imp�rio dos Sonhos, para encontrar
contundentes pensamentos sobre a rela��o entre cinema e mundo e entre cineasta
e objeto. E, para fechar, uma resposta a um outro circuito: o das mostras em
centros culturais. Ao final de 2007, foi a vez de Alejandro Jodorowsky, cineasta
chileno hoje radicado na Fran�a, ganhar uma retrospectiva completa de sua obra,
com direito a exposi��o de fotos e leitura de tar�. Contracampo n�o deixa o evento
passar em branco e aproveita a ocasi�o para publicar um amplo dossi� de documentos
que testemunham n�o apenas as controversas elabora��es art�sticas do cineasta,
como as discrepantes recep��es de seus filmes � �poca do lan�amento original.
Cr�ticas brasileiras, latino-americanas, francesas, inglesas e americanas se
somam para formar um painel nada un�voco � como s�o, ali�s, as rea��es de nossa
reda��o a esta obra.
E, para voltar a falar de paix�es, a se��o DVD/VHS est� recheada delas: o �ltimo
filme de Kiyoshi Kurosawa, lan�ado meio na surdina em terras brasileiras; One
Plus One/Simpathy For The Devil, a elegia de Jean-Luc Godard aos Rolling
Stones; Caminho Sem Volta, a incurs�o do grande James Gray anterior a Os
Donos da Noite; e a segunda parte da cobertura da cole��o Herbert Richers
iniciada
na edi��o 80, que contempla grandes filmes feitos por aqui no quadro da produtora
e quase relegados ao esquecimento por sua suposta �irrelev�ncia�.
O restante dos questionamentos apontados no in�cio deste editorial n�o est�o
presentes em forma de textos, mas se anunciam como reestrutura��es para um futuro
pr�ximo, reestrutura��es sobre as quais come�amos a trabalhar durante este longo
per�odo de estiagem p�s-festivais. Em nossa próxima edição, os melhores do ano
da revista e dos leitores, agora também com direito a dez votos. Portanto,
não
deixem
de
participar, seguindo o link logo acima.
Boa
leitura e divirtam-se!
|
|