Danièle Huillet e Jean-Marie Straub em
Onde Jaz o Teu Sorriso?, de Pedro Costa

Contracampo faz a cobertura diária
da 10ª Mostra de Tiradentes.

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John Huston (foto), George Cukor, irmãos Maysles, François Truffaut, James Ivory e vários outros em nossa seção de DVD.

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Fim de um ano, começo de outro... Época em que os balanços tornam-se inevitáveis, os olhares para trás se unem às visadas para o futuro, mede-se o que se ganhou e o que se perdeu, o que se fez direito e o que restou a fazer, o que funcionou ou não funcionou. Numa revista de cinema não teria por que não acontecer o mesmo, tanto dentro da redação quanto no panorama dos filmes vistos. Naturalmente ao leitor interessa mais o segundo do que o primeiro, e é a isso que nos iremos ater.

Toda época pós-festivais envolve muitas coisas. Envolve, naturalmente, fazer o julgamento après coup, ver que filmes se correlacionam com outros, observar tendências, prospectar caminhos e também, claro, falar das mostras às quais não foi dada muita atenção no momento da cobertura diária. Isso está coberto nessa edição. Mas no fim dos festivais se lamenta sempre aquilo que (ainda) não veio, aquilo que faltaram trazer dos principais festivais internacionais, dos destaques de outros países, dos filmes que estamparam capas e highlights de revistas importantes e criteriosas mundo afora. Somado a isso, temos um perfil de filme que raramente chega até nós em festivais, mesmo que seja assinado por figuras decisivas do cinema contemporâneo, talvez pela duração mais ou menos inadequada para padrões de exibição (a necessidade de "fechar sessões", como se diz), talvez também pela cobrança de taxa de exibição, prática inexistente em nossos festivais, salvo raríssimos casos especiais.

Esse filme, que ultrapassa os quinze minutos e não chega a uma hora e poucos, pode vir com assinaturas de peso, como Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Bertrand Bonello, Danièle Huillet e Jean-Marie Straub, Jia Zhangke, e ainda assim será difícil que eles consigam algum tipo de exibição no país. Pior que isso: em geral, no mundo todo, a crítica internacional parece dar pouca ou nenhuma importância a esses filmes, e a busca por fortunas críticas a respeito de alguns desses filmes termina apenas com um ou dois textos ligeiros, incompatíveis tanto com a envergadura das obras quanto com o respeito que os cineastas merecem. Assim, começamos o ano fazendo um apanhado de alguns dos médias-metragens e curtas extensos mais importantes feitos nos últimos anos, filmes que passaram em branco tanto do ponto de vista da exibição (exceção feita ao filme de Straub/Huillet, exibido heroicamente para meia-dúzia de pessoas no Recine do Arquivo Nacional) mas acima de tudo do ponto de vista do pensamento crítico, que é a tarefa que aqui nos move. São filmes que, mesmo nada exibidos, mesmo mal conhecidos, fazem parte do panorama mais vibrante da contemporaneidade cinematográfica. E é sempre isso que nos pauta.

Mas a virada do ano não nos deu só alegrias. Ela ocasionou, na verdade, algumas perdas sentidas. Algumas delas, Robert Altman, Jece Valadão, já foram devidamente cobertas em homenagens na sessão Plano Geral no último mês. Mas talvez a mais inesperada e dolorida, a de Danièle Huillet, ainda não tivera o devido tributo. A capa então vem naturalmente: uma das melhores novidades de 2006, a maturidade de Pedro Costa com o deslumbrante Juventude em Marcha, encontra o luto pela triste notícia do falecimento de Danièle Huillet. Esta edição é dedicada a ela.

Mas como mudança de ano é ainda e sempre renascimento, Contracampo desperta para 2007 com sua tradicional votação de melhores do ano, público e redação (já votaram? O resultado sai em nossa próxima edição), a retomada de nosso informativo (querem receber nossas atualizações em seus e-mails? Cliquem aqui para receberem nossos informativos; pedimos aos já inscritos que por favor se reinscrevam) e, o mais importante, a promessa de cobrir fiel e pontualmente nosso compromisso com o cinema e, claro, com o leitor. Bom novo ano.

 
     
  Ruy Gardnier