Zoolander,
de Ben Stiller

Zoolander, EUA, 2001

Em 1996, após o sucesso de público de Ace ventura, O máscara e Debi e Lóide, Jim Carrey assinou o seu primeiro contrato milionário para uma comédia a ser dirigida por um ator pouco conhecido chamado Ben Stiller. O filme chamava-se The cable guy e recebeu por aqui o grotesco título de O pentelho. Foi um tremendo fracasso, por não optar entre a crítica amarga e o escracho, além de colocar Carrey num personagem antipático. Stiller, que antes havia dirigido o insosso Caindo na real, voltou a dedicar-se somente à carreira de ator. Após duas comédias que fizeram bastante bonito nas bilheterias (Quém vai ficar com Mary? e Entrando numa fria), Stiller passou a ser considerado o ator cômico número 1 de Hollywood. Começou a circular uma piada que dizia ser O pentelho parte de um complô de Stiller para derrubar Carrey.

Gozações à parte, é sabido que as grandes companhias americanas são gratas aos seus filhos que lhes dão dinheiro e aí está Ben Stiller de volta à direção com Zoolander. A idéia era fazer um misto de paródia aos filmes de espionagem e ao mundo fashion com o ator/diretor/co-roteirista no papel título, um modelo em decadência que é utilizado como arma num complô para assassinar o presidente da Malásia. O orçamento parece ter sido generoso, com produção cara , além do prestígio de Stiller ter captado um grande número de celebridades para pontas e pequenos papéis: Jon Voight, David Bowie, Winona Rider, David Duchovny, Billy Zane, além de papai Jerry Stiller e mamãe Anne Meara.

Mas não há grana e participações que salvem uma comédia que falha em conquistar seu principal objetivo: levar a platéia ao riso. Exceto nas sequências da maquete e da orgia, o que se ouve são risadas esparsas e um tanto forçadas. A sátira aos filmes de 007 é tão precária que faz os filmes de Austin Powers parecerem geniais. O Stiller diretor até demonstra um certo esforço na construção de algumas cenas, mas falha na comunicação com o espectador que dificilmente irá perceber as referências a Sob o domínio do mal, 2001- Uma odisséia no espaço e O poderoso chefão. Já o Stiller ator, mergulha na armadilha da repetição, em um personagem raso, que mal daria para um esquete no Zorra total.

É por tudo isso que é bom Ben Stiller tomar cuidado. Se O pentelho foi considerado uma tentativa de matar Jim Carrey, podemos dizer que Zoolander quase se aproxima de uma tentativa de suicídio.

Gilberto Silva Jr.