Zona de Conflito,
de Tim Roth


The War Zone, Inglaterra, 1999

Para o filme em que estréia como diretor, Tim Roth decidiu abordar um tema que é sempre tabu: o incesto. Um casal com dois filhos, a esposa grávida de um terceiro; este é o ambiente em que se passa Zona de Conflito. A família, em um primeiro momento, nos parece bem estruturada mas o véu da calmaria cai à medida em que um dos filhos, garoto calado e taciturno, passa a desconfiar e acaba por descobrir que sua irmã mais velha e seu pai têm um caso. Se isso lhe causa ódio no início, ele aprende a sentir pena dela – mas não sem alguma revolta – por descobri-la forçada, porém também apaixonada: a moça é vítima e agente de uma situação que não pode sustentar por muito tempo.

Para mostrar uma trama tão problemática, Roth apela para o distanciamento. A cidade em que se passa Zona de Conflito é sombria e gélida. E assim são suas personagens, distantes, sem muito a sentir, a dizer; mas essa escolha acaba aparecendo como infeliz pois, em se situando tão longe da família, em mantendo uma ambigüidade extrema em relação aos caracteres de seus personagens (talvez com o intuito de não cair no puro maniqueísmo), o diretor acaba por transformá-los em bonecos sem vida, sem muito ser.

A escolha de um tema assim delicado poderia ser visto como um indício de coragem para alguém que estréia, porém uma boa olhada no filme revela que não há coragem e nem nobreza, mas pura nulidade. A um problema que é mal posto, não há resposta ou sequer discussão.

Juliana Fausto