U-571 – A Batalha do Atlântico,
de Jonathan Mostow


U-571, EUA, 2000

Ninguém vai ao cinema ver U-751 sem saber que se trata de uma propaganda ideológica americana. Não existem ingênuos que não esperariam a deturpação de uma fato histórico em favor da atuação dos Estados Unidos na guerra. Sendo um filme de guerra, o que poderia chamar a atenção do público e justificar a ida ao cinema estaria nos elementos fílmicos propriamente ditos. Se as atuações são boas, o roteiro é bem feito, a fotografia tem densidade e a direção é criativa, o filme pode até falar as besteiras históricas e ideológicas que os americanos tanto gostam e mesmo assim ser uma obra interessante. Sabendo de tudo isso, U-751 poderia ser um bom programa.

Mas a esperança de ver algo cinematograficamente interessante acaba logo no início da projeção. Como se não bastasse ser mal intencionado com a história da guerra e com a inteligência independente dos povos do mundo, o filme ainda por cima é ruim. Não tem como escapar, trata-se de cinema mal feito.

A crítica aqui só vale para os elementos pertencentes ao campo da arte cinematográfica. É total perda de tempo tocar na temática e no tratamento propagandístico dado a ela pelo simples motivo de serem óbvias as intenções dos produtores. E falando de cinema, U-751 irrita a ponto de ser possível considerá-lo um insulto. Impor falsas verdades e promover manipulação ideológica sem ao menos fazer uma encenação inteligente ou independente é o mesmo que chamar o público de burro.

Nada se salva nesse filme. É enrolação do início ao fim. Uma historinha boba contada com clichês de roteiro. Personagens estereotipados e tolos. Alemães muito maus, tão maus que dá raiva e americanos muito bons, cheios de valores bonitos. A forma como isso é mostrado é a mesma usada nos primórdios da arte cinematográfica. Equivale a filmar o vilão chutando um gato e o mocinho ajudando uma criancinha. Magnífica construção de personagem. Mas a música é um caso mais grave. Sem ela tudo isso poderia ser entendido como uma grande piada, sendo menos penoso o ato de ver o filme. Mas a trilha sonora está lá, alta, trágica, enervante. Com as imagens perversas a música fica gritando, acompanhando todos os momentos da história com a intenção de torná-los emocionantes e tocantes, subtraindo qualquer possibilidade de discussão séria sobre os fatos mostrados. O uso mais pobre de música já visto.

Depois de ver U-751 o público vai ter que criar muita coragem para dar chance a outro filme americano do gênero. É de sentir pena dos profissionais que trabalharam na produção de tal equívoco em forma de película. Será que eles acham que fazem bom cinema?

João Cabral Mors