Três
Irmãs,
de Danièle Thompson
La
Bûche, França, 1999
Sabine Azema, Charlotte
Gainsbourg, Emanuelle Béart... além delas, Claude Rich,
Françoise Fabian... Pela escalação, já dava
para imaginar uma boa estratégia de funcionamento do filme: deixar
todo o filme nas costas de seus atores, sem muitos constrangimentos roteirísticos,
e estava pronto um filme de alguma curiosidade. Esse certamente não
foi o caminho que escolheu Danièle Thompson. À liberdade
jazzística dos atores preferiu uma historinha camisa de força,
psicológica toda a vida, pra falar dos amores e desamores de três
irmãs pautadas por relações de amor e ódio
com um pai supostamente canalha e que têm suas vidas amorosas incertas,
certamente com problemas insolúveis, a felicidade irrealizável...
Emanuelle Béart, bem casada, encontra prazer sexual apenas com
o florista da vizinhança; Sabine Azema é cantora e
dá aulas de russo, mas relaciona-se há anos e anos com um
homem que jamais vai abandonar sua esposa; Charlotte Gainsbourg é
a menininha rebelde e desapegada.
E Três Irmãs
funciona? De jeito nenhum. O tom do filme, entre a comédia
e o dramalhão, jamais consegue extrair uma intriga real da vida
de personagens, sim, interessantes e interpretados por ecelentes atores.
Como assinatura formal, a diretora escolha um único esquema: no
meio de uma conversa, a câmera se aproxima de um dos atores e instaura-se
um monólogo ator olhando diretamente para a câmera.
Momento intimista, confessional? Sim, talvez, levado a termo em outra
ocasião. Em Três Irmãs fica apenas chato, chato
demais. Em vez de ficar intrigado pelas relações complicadas
e conflituosas de uma família tão esquisita (soma-se ainda
à família a mãe recém-viúva de seu
segundo marido e um estranho hóspede), o espectador deseja sair
imediatamente daquele ambiente de veleidades e obrigações
sociais (o filme se passa às vésperas do natal) aborrecidas.
O filme de Danièle Thompson não salienta nenhuma rusga,
nenhum desentendimento. Antes deixa tudo na água com açúcar,
em banho maria. E pior para o espectador, porque o filme demora a terminar.
Ruy Gardnier
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