Tentação Fatal,
de Kevin Williamson


Teaching Mrs. Tingle, EUA, 1999

Kevin Williamson dirige Tentação Fatal com o epíteto de rei do horror teen, uma vez que seus projetos de roteirista — a série Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado — foram grandes sucessos de box-office. Seu estilo consiste em reavivar uma variação de um estilo de terror que vinha sendo abandonado, o terror adolescente, e dar a ele pitadas pop, auto-referenciais e autoconscientes. Sabe-se como esses roteiros podem funcionar na mão de um cineasta que vai às úiltimas conseqüências estéticas como Wes Craven. Mas na mão de simples aretesãos seus projetos são mais inócuos que os filmes de James Ivory — e isso inclui sua própria mão. Por trás de um argumento esperto e inteligente — os três colegas de sala ajustando, mesmo que por acaso e azar, suas contas com a professora megera e recalcada —, resta como resultado final a obviedade e a falta de talento em criar situações que falem por si sós, e nesse caso o uso freqüente de citações e autoparódia (O Exorcista, por exemplo), mais atrapalha do que ajuda. Tentação Fatal esgota todas as suas possibilidades numa brincadeirinha psicológica banal, e o que melhor mostra isso é a cena em que a profª. Tingle consegue colocar uma das meninas contra a outra. Até o final, que por sinal também é óbvio, o bocejo só não é o elemento majoritário em uma cena — uma cena reeditada por Williamson — em que a virgenzinha e virtuosa aluna Leigh Ann (Katie Holmes), com um gesto súbito, cai nos braços do jovem rebelde e o conduz até o defloramento. Essa cena, mesmo que medianamente dirigida, dá conta da obsessão de Kevin Williamson pela perda da virgindade, como um tema que ao menos ele atualizou ao gênero — que sempre considerava o sexo adolescente como coisa proibida e os praticantes eram assassinados com requintes de crueldade. Afora a graça de Katie Holmes, nada demais ver esses meninos ensinarem à profª. Tingle.

Ruy gardnier