Seus
Amigos, Seus Vizinhos,
de Neil LaBute
Your Friends And Neighbors,
EUA, 1998
Seus Amigos, Seus Vizinhos
torna clara a estética de Neil LaBute. Se em Na Companhia de
Homens o microcosmo abordado (3 pessoas) e apenas uma intriga só
davam espaço a uma reflexão sobre a vida infeliz e ressentida
de determinadas pessoas, com esse segundo filme o diretor estende todo
esse modo-de-ser do recalque e da angústia a toda a existência
humana todos os seis personagens e as infinitas reconfigurações
de sentimento jamais conseguem atingir alguma felicidade que não
a momentânea (do orgasmo, muitas vezes frustrado). Daí a
reaparição ligeiramente modificada de dois personagens do
filme anterior, um metido a machão para quem o sexo é a
única possibilidade de felicidade (e de frustração)
e outro, gordo e desajeitado, sem personalidade e com uma esposa frígida.
A esse quadro já muito, ahn, agradável vêm juntar-se
um professor universitário que trai o melhor amigo, uma feminista
que se revela lésbica no meio do filme, além de uma musa
interpretada obviamente por Nastassja Kinski, que representa a beleza
física mas está longe de servir como companheira intelectual.
A partir do momento em que o espectador percebe a jogada do filme, Seus
Amigos, Seus Vizinhos torna-se desagradável, infantil e mal-construído,
tanto pelas opções "estéticas" de seu autor
quanto pela obviedade das movimentações internar dessa máquina
sentimental de seis engrenagens. Uma excelente dica para analisar uma
"teoria universal" é aplicá-la unicamente à
vida de quem a emite e quem vira admirador. Deduz-se dessa análise
"genealógica" que Seus Amigos, Seus Vizinhos é
um filme realizado por uma pessoa infeliz e admirado por pessoas idem.
A cada um o que lhe é próprio.
Ruy Gardnier
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