Rock
Star,
de Stephen Herek
Rock
star, EUA, 2001
Quando se é adolescente, qualquer pessoa idolatra figuras míticas
que na verdade são apenas pessoas como ela. Aí, você
cresce, vê isso, mas no melhor dos mundos, continua tendo seus ídolos
no coração, apenas os enxerga sob outra luz. Rock Star
deveria ser sobre isso, sobre os ídolos da nossa juventude, e sobre
o contraste com a vida real. No entanto, para se filmar isso você
precisa tomar um ponto de vista: ou se entrega com paixão ao seu
assunto, e dá os braços ao seu personagem, acreditando na
paixão dele; ou o filma de forma condescendente, passando a mão
na sua cabeça, dizendo "pobrezinho, como era inocente". Este segundo
exemplo é o pressuposto básico do filme de Herek, e o que
o torna tão asqueroso. Porque ele é um filme que não
acredita no próprio tema. Ou seja, ele não quer abraçar
o fenômeno do rock'n'roll, ser parte dele, e sim olhá-lo
de fora enquanto finge estar por dentro. Parece um filme sobre rock feito
pela nossa avó, mas vestindo couro e cabelos raivosos, para fingir
que é jovem, que é "cool". Termina sendo só o que
esta imagem indica: patético.
E especialmente triste,
porque o início do filme, quando Mark Wahlberg ainda interpreta
um fã, é até bonito, tocante. Mas, quando ele mergulha
no mundo do rock, torna-se uma imensa lição de moral (muitas
vezes inclusive a lição é repetida verbalmente para
os que possam não estar entendendo) sobre como é horrível
o que este mundo de sexo e drogas pode causar às almas inocentes
que com ele se misturem. Todos os personagens relacionados com a banda
Steel Dragon são bisonhos, unidimensionais, bobalhões. Em
alguns momentos tão caricatos que fica a dúvida se não
estamos vendo um esquete de Casseta e Planeta ou um filme do Mel Brooks
satirizando o mundo do rock. Isso num filme que devia ser sério,
ou pelo menos, interessado do assunto.
Ao final, como não
podia deixar de ser, a salvação e a moral da história.
Todo aquele que se envolver com este mundo sujo do rock, se brigar bastante,
pode sempre escapar e terminar tocando seu violãozinho com músicas
bregas num barzinho por aí. Tão assustador que chega a ser
hilário. Não deve haver espectador que ao ver isso como
opção não tenha vontade de gritar: "volta pra banda,
as mulheres gostosonas e as drogas, rapaz!"
Eduardo Valente
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