Regras
do Jogo,
de William Friedkin
Rules Of The Engagement,
EUA, 2000
William Friedkin nunca foi propriamente um
inventor de formas. Muito menos um experimentador. Seu terreno é
o clichê, a imagem batida, o sentimento moído e remoído.
Por isso, nenhuma surpresa ao ver as primeiras imagens de guerra, com
câmara dinâmica e efeitos impressionantes nas cenas de assassinato:
são todas roubadas direto de O Resgate do Soldado Ryan,
filme ambicioso sobre honra e guerra. Coisa de que também pode
se arrogar Regras do Jogo: numa missão de resgate no Iêmen,
o coronel Childers dá ordens de disparar em uma multidão
que incluía mulheres e crianças. Ele era até então
um oficial explosivo, mas antes de tudo honrado. Agora, é chamado
à corte marcial para servir de bode expiatório de um conflito
internacional em que a culpa é dos altos gabinetes do governo.
Para defendê-lo, há Tommy Lee Jones, advogado e herói
militar que devia sua vida ao coronel por tê-lo salvo no Vietnã.
O resto já se sabe, as posições são claras
demais: apesar de ter sido uma decisão hedionda e ter tido resultados
avassaladores (a cena em que TLJ vai ao Iêmen e vê as crianças
e mulheres baleadas à beira da morte mostra isso), tudo se resolve
com um bocado de safanões e risadas de velhos comparsas. As diferenças
éticas vão por baixo d'água, mesmo que já
que o filme é baseado em fatos reais o filme queira ter
mantido a figura do promotor como a de um homem de moral rígida
e incorruptível. Fora esse homem, cuja ambigüidade moral é
pouco explorada, tudo caminha por suas rotas usuais, e o espectador sente-se
incapaz de realizar qualquer viagem.
Ruy Gardnier
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