As
Regras da Atração, de Roger Avary
The Rules of Attraction,
EUA, 2002
Se a estréia de Roger Avary na direção,
Parceiros do Crime, provava alguma coisa é que os méritos
de Pulp Fiction não eram de roteiro. As Regras da Atração
é bem menos intragável em parte porque Avary parece se integrar
bem ao material adaptado (no caso, o livro homônimo do Brett Easton
Ellis). Como na estréia de Avary, tudo aqui se resume a um parque
temático hedonista um tanto bobo, mas ao menos dessa vez o tom
é bem menos irritante.
Ellis é um escritor terrível
cujos livros sempre se resumem a uma serie de provocações
superficiais. De certa forma o filme de Avary segue a mesma linha. Mas
é um bom ilustrativo das diferenças entre cinema e literatura.
Já que todos os excessos de Ellis como escritor costumam terminar
por engessar seus livros que soam sempre como se ele estivesse desesperadamente
em busca de algo que dê apoio a suas pretensões; Avary, por
sua vez, faz um esforço enorme em imitar estes excessos. Só
que eles resultam em quase o oposto. Cada excesso de Avary (e o filme
lança mão de cada truque que o diretor consegue lançar
mão) termina por deixar o filme mais bobo. Se as pretensões
do filme não deixam de soar por vezes ridículas, elas o
são de uma forma mais tragável do que o original.
Em alguns momentos a tolice do filme chega
a torná-lo até agradável; em outras, é quase
insuportável. Tudo em Regras de Atração se
resume a uma superfície que tenta vender a idéia de que
é mais do que isso. Os ocasionais momentos onde as opções
de Avary funcionam não conseguem apagar a má impressão
que o filme deixa, mas é um zavanço razoável em relação
a sua estréia.
Filipe Furtado
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