O
Tempo de Cada Um,
de Rebecca Miller
Personal
Velocity, EUA, 2002
Três histórias
na vida de mulheres comuns, que um dia em suas vidas precisaram tomar
decisões fortes que acabaram mudando completamente o rumo de suas
existências. Prêmio principal de Sundance 2002, filmado em
câmera digital a partir do livro da própria diretora Rebecca
Miller, O Tempo de Cada Um é exatamente o que se podia esperar
dele (de pior, é bom saber logo). Cinema "indie", as
deficiências financeiras são transformadas em desculpas estéticas
(como na moda "lo-fi") e em pouco tempo perceberemos que trata-se
tão-somente de um filme de atores se movimentando para cima e para
baixo, vivendo vidas que o politicamente-correto americano transformou
em personagens principais da violência familiar americana (temos
uma mulher que apanha do marido e uma criança que apanha dos pais),
uma mãe solteira e uma editora balzaca que vive sob a sombra de
não ser tão bem sucedida quanto o pai desejaria (Parker
Posey, que merece mais do que ser considerada deusa do cinema independente
americano). Pequenas grandes histórias, que porventura poderiam
ser grandes pequenas histórias, caso estivessem na mão de
alguém que tivesse na cabeça que os meios expressivos do
cinema (montagem, foto, atores, roteiro) servem para exprimir, e não
para coagir. Coagidos por uma linguagem antiga e maravilhados com uma
estética a bem saber, a do digital "ágil"
e "nova" (!!!!!), os novos cineastas não fazem um novo
cinema nem destróem (ou, ugh!, desconstróem) o antigo. Eles
não fazem nada.
Ruy Gardnier
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