A
Mexicana,
de Gore Verbinski
The
Mexican, EUA, 2000
Não tinha como dar errado.
Brad Pitt e Julia Roberts numa comédia romântica, certo?
Bem, acontece que a primeira produção de Lawrence Bender
(em seus tempos de glória, produtor de Tarantino) para um grande
estúdio, no caso a Dreamworks, é uma dessas coisas que salta
de uma gaveta suja espalhando poeira na cara do espectador do Cinemark.
A trama (?) gira em torno de uma pistola mágica lendária
(A Mexicana do título), objeto de desejo de um mafioso em busca
de redenção (Gene Hackman, coitado) que coloca um jovem
imbecil (Pitt) em seu encalço. Julia Roberts faz o papel da namorada
problemática do rapaz que faz amizade com um matador de aluguel
homossexual (James Gandolfini, de The Sopranos, pessimamente aproveitado)
que a seqüestra para tomar posse da arma misteriosa. Porções
iguais de homofobia, preconceito racial, xenofobia, além de dólares,
talento e tempo desperdiçados fazem deste filme um dos mais grotescos
objetos surgidos no cinema hollywoodiano em um bom tempo. Um senso de
humor que envergonharia o staff da Praça é Nossa
não aproveita em um instante sequer a verve cômica de Julia;
seu carisma inabalável (ou pelo menos até aqui eu o julgava
assim) cede lugar à mais histérica das interpretações,
aliás, equivalente ao tom que impera em tudo. Se o espectador conseguir
não se ofender com tamanho desprezo e falta de tato já nos
primeiros minutos, pode considerar-se o mais paciente ou o mais masoquista
dos seres humanos.
Fernando Verissimo
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