Meu
Melhor Inimigo,
de Werner Herzog
Mein Liebster Feind,
Alemanha, 1999
Klaus
Kinski e Werner Herzog fizeram uma parceria errática e duradoura.
A partir de 1972, filmaram juntos os ótimos Aguirre, Fitzcarraldo
e Nosferatu, e os medianos Woyzeck e Cobra Verde. Apesar
de o melhor filme de Herzog ser, sem sombra de dúvida, Coração
de Cristal, é sobre seus filmes com Kinski que reside o interesse
da maior parte dos cinéfilos. Os diversos entreveros entre os dois
contribuíram para isso.
Klaus,
pai de Natassja, a bela pantera de Paul Schrader, era osso duro de roer.
A história já muito difundida da ameaça de Herzog
durante a filmagem de Aguirre é um dos clássicos
de bastidores. Herzog realmente ameaçou matar Kinski se este abandonasse
a filmagem. E ele jura que teria puxado o gatilho caso Kinski não
recuasse.
O filme
mostra muitos aspectos dessa "inimizade" prolífica. Vemos Kinski
ofendendo a platéia de um festival; maltratando os índios,
para desespero de Herzog; enfim, criando todos os tipos de problemas.
Sentimos raiva dele? Não, porque o diretor soube mostrar também
momentos de candura, como na cena da borboleta que não o deixa,
além de mostrar que Kinski sabia ser carinhoso. Numa sequência,
vemos o encontro dele com Cláudia Cardinale, com quem atuou em
Fitzcarraldo. Em outra, Herzog e Kinski se encontram num festival
de cinema. A cena é exemplar. A fera mostra-se extremamente afável.
Meu Melhor Inimigo é menos um documentário sobre
cinema do que um relato sobre um caso de amor, temperado pela arte. E
que Herzog não venha negar.
Sérgio
Alpendre
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