Magnólia,
de Paul Thomas Anderson
Magnolia, EUA, 1999
O cineasta Paul Thomas Anderson, diretor
deste Magnólia fez nome com seu filme anterior, Boogie
Nights, algo moralista e com pretensões de Tarantino. Pois
se essa influência se torna menos presente agora, o mesmo não
se pode dizer da moral – se Magnólia tem um início
interessante, ele perde seu rumo quando é aplicada uma certa psicologia
nos personagens.
Tomemos o exemplo de Frank Mackey (Tom Cruise,
que aliás está ótimo). Um machista que ganha a vida
a escrever livros e dar seminários para homens com dificuldades
em relação às mulheres. Ele é metido, afetado
e aconselha seus pupilos de modo que dominem e destruam as fêmeas.
Durante o intervalo do seminário, em entrevista a uma jornalista
e em meio a respostas engraçadinhas e provocativas, faz malabarismos.
Tudo isso em suas cuecas. Mas ora, um sujeito desse tipo não pode
ser feliz; não no mundo de Anderson. E é então que
a jornalista descobre a verdadeira história de Frank: seu pai o
abandonou, a ele e a sua mãe doente, quando mais precisavam. O
menino cresceu com ódio do mundo, ódio do pai. Mas eis a
grande coincidência: nesse exato momento um empregado o telefona
dizendo que seu progenitor, à beira da morte, implora para vê-lo.
É o momento da redenção. Frank desabafa, xinga seu
pai e é à medida em que conversam, em que falam, que o pobre
coração do filho se acalma e que seu papai cheio de remorso
consegue morrer em paz. E justamente aí uma chuva de sapos desaba
sobre a cidade.
Anderson quer ser tragediógrafo às
avessas: apresenta seus personagens e a intriga e tenta imprimir uma espécie
de cesura com a tal chuva de sapos. A chuva catártica que divide
Magnólia em duas partes – e se lá na Grécia
a cesura indicava a queda do herói, aqui ele se levanta – confere
a cada uma das personagens a abertura de possibilidade de felicidade através
de uma filosofia bem ao gosto do nosso Chacrinha: quem não se comunica
se trumbica. Descobrimos que todos os sofrimentos no filme, e eles são
bem numerosos, foram causados por falta de diálogo, e é
só quando as pessoas se falam que se sentem melhor. No final do
filme de Anderson fica a mensagem: é conversando que a gente se
entende.
Juliana Fausto
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