Joana d'Arc ,
de Luc Besson


Joan of Arc/Jeanne d'Arc, EUA/França, 1999

De Luc Besson sabe-se mais ou menos o que se espera: histrionismo hollywoodiano, um relato mitológico (ou, em todo caso, "nos moldes") e as estetizações videoclipescas que o caracterizam como pós-moderno (pó-mó). Joana d'Arc aparece mormente como a atualização desse modelo do que como uma renovação dele. Claro, temos elementos novos, como a triste interpretação histórica e política do acontecimento-Joana: a mártir temente a Deus que é queimada intolerantemente pela Igreja transforma-se na orgulhosa Joana que quis lutar e matar em nome de Deus. Segue-se um outramente triste libelo contra toda e qualquer insurreição armada em nome de um ideal religioso (a Igreja, ou o superego de Joana defendendo um make love not war na Idade Média!!!!). Não se trata aqui de rebater a Joana de Luc Besson à Joana de C.Th.Dreyer ou de Robert Bresson, como nunca também se trata de criticar um filme em função do livro que o origina, ou como a refeitura de um "clássico" (Psicose, Acossado, etc.). Trata-se. sempre, de buscar a especificidade daquilo que aparece. Mas nem o que aparece por si só em Joana d'Arc garante a boa fruição do espetáculo. Todas as charadas estéticas nos são conhecidas, os momentos dramáticos idem. Resta apenas o fator diferencial geográfico, por ser um filme hollywoodiano feito no França e por ser essa coisa sui generis que é Luc Besson. Mas isso é muito pouco.

Ruy Gardnier