Instituto
de Beleza Vênus,
de Tonie Marshall
Venus Beauté (Institut),
França, 1998
O tal Instituto Vênus é uma
loja de cosméticos e embelezamento cuja porta, ao abrir, faz barulhinho
de sinos. Uma bela imagem: uma loja de embelezamento ("A beleza de
Vênus") é sempre um lugar mais dos sonhos do que da
realidade, em que dentro tudo parece funcionar às mil maravilhas
mas que fora dele o mundo começa a dar sinais de que nem tudo é
um conto de fadas.
Angèle (interpretada por Nathalie
Baye) vive uma crise em sua vida: está saindo de balzaquiana para
quarentona e ainda por cima sofre uma crise de auto-estima. Insinua-se
a homens em restaurantes, não quer que eles partam mas o único
homem que parece desejá-la verdadeiramente ela repugna. Assim são
todas as moças da loja: uma menina de pouco mais de 18 que vende
seu amor a um coroa que perdeu sua esposa, uma outra que vive pulando
de galho em galho e outra (a rivettiana Bulle Ogier) que vive num universo
de futilidades e miudezas pequeno-burguesas.
Unindo elas, só o universo de plástico
desse instituto de belezas artificiais, de uma fragilidade emocional que
angustia. Se existe alguma coisa que pode tirá-las desse universo
de faz-de-conta, é a entrada de clientes (ou de visitantes) nesse
mundo à parte: uma mulher de corpo maravilhoso que adora ficar
nua em frente a todos e particularmente em frente às vidraças
da loja; uma senhora que adora ir a festas à fantasia; mas sobretudo
Antoine, o homem que deseja Angèle a ponto de abandonar sua jovem
noiva pela possibilidade de um dia ter a esteticista: é ele que
traz um mundo real para dentro daquela loja. Tanto pior se esse mundo
real para Tonie Marshall é uma trama romanesca forçada,
desprovida de interesse, pé ou cabeça. Talvez essa fosse
a única possibilidade de transformar esse Instituto de Beleza
Vênus em algo mais do que uma casinha de bonecas. Quando sai
da fotonovela, vira fotonovela açucarada. Assim não dá.
Ruy Gardnier
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