Aqui Entre Nós,
de Jean-Jacques Zilberman


L'Homme est une femme comme les autres, França, 1998

Antoine "Supertrash" de Caunes, aliás, Simon é um clarinetista judeu gay que é forçado por sua mãe a casar para ter um filho e dar prosseguimento à família. Conhece Rosalie, uma moça judia, cantora, de família ortodoxa, interpretada por Elsa Zylberstein (uma Meg Ryan francesa, pelos papéis que insiste em escolher). Terminarão juntos?

Apesar do nome original interessante e do belo par de atores, Aqui Entre Nós, com sua fórmula batida, não decola. O começo até que empolga. Vemos Simon percorrer uma sauna gay. A câmera o acompanha e ele não demonstra nenhum trejeito típico dos homossexuais segundo Hollywood. Isso é louvável porque passa longe do estereótipo. É sempre salutar dispensar o humor pela caricatura, aquele péssimo hábito de tentar provocar o riso por gestos e falas afetadas.

Infelizmente, Zilberman não sabe divertir do outro jeito, pela sutileza. O filme simplesmente não é engraçado como se pretendia. Tem alguns momentos aqui e ali como a máquina umedecedora ou a revelação do irmão gay. Mas Simon é confuso e incoerente demais para causar empatia. E o diretor revela-se incapaz de criar situações mais plausíveis. Toda a seqüência da chegada a Nova Iorque, com Simon descobrindo a felicidade de um casal homossexual que caminha de mãos dadas, culminando na ridícula cena do jantar, é equivocada. O pai tirano da moça é caricato, e frágil, porque permite uma revolta familiar pouco provável. Sempre que Simon toca sua clarineta, o filme resvala no ridículo. Mas, por paradoxal que possa parecer, de um desses "showzinhos" vem a melhor cena do filme. É logo no começo, quando a câmera descobre, por entre os convidados de um casamento, a bela Rosalie, visivelmente emocionada pela performance do clarinetista. Por este momento primoroso poderíamos esperar muito mais. É uma pena.

Sérgio Alpendre