Erin Brockovich —
Uma Mulher de Talento
,
de Steven Soderbergh


Erin Brokovich, EUA, 2000

De Steven Soderbergh, cineasta de trajetória bizarra misturando o independente à americana, o filme esquisito à européia e o blockbuster roliudiano, pode-se esperar tudo. E é justamente o que Erin Brokovich é: tudo, e nada. Porque seu novo filme é justamente um pouquinho disso tudo e nada de muita coisa. Uma interpretação e um ritmo à maneira de sexo, mentiras e videotape (filme-acontecimento na história do cinema americano mas que hoje já parece não significar mais grande coisa), um roteiro pra lá de convencional — um elogio ao dinheiro de fazer dó — e algumas atitudes esquisitas (mesmo que não européias...). Resta que nada é muito importante na fruição do filme: alguns momentos são encenados com entusiasmo, algumas escolhas são exatas (a elisão do processo final é certeira), o cuidado com o "humano" impressiona. Mas não há nada, nem Julia Roberts, que consiga impedir o filme de cair no clichê dos filmes de advogado. Talvez apenas por tornar claro e "sujo" um sistema que se quer límpido e decente: Julia Roberts é competente porque não é advogada, porque tem um par de peitos, a falta de preocupação humana dos grandes homens da área... Isso tudo, entretanto, é ainda muito pouco para um maior interesse sobre o filme.

Ruy Gardnier.