Doce
Novembro,
de Pat O'Connor
Sweet November, EUA,
2001
Pat O'Connor já tinha filmado Liv
Tyler e Jennifer Connelly de forma bastante eficiente em um filme inofensivo
e simpático, Inventing The Abbotts. Era de se pensar o que
ele iria fazer com Charlize Theron, estrela emergente no cenário
de beldades hollywoodianas. Mas Doce Novembro está aquém
disso, como está aquém de qualquer aspecto que possa dar
interesse ao filme. Tudo é previsível dentro dos dois filmes
que contém Doce Novembro: no primeiro, Keanu Reeves (mal
filmado, interpretação opaca) é um publicitário
ególatra que encontra uma garota que parece sere seu exato oposto...
nada faz para si, parece importar-se muito com os momentos de sua vida
e nada com o que acontecerá no futuro. No segundo filme dentro
do filme, descobrimos o porquê de tanto desprendimento: ela sofre
de uma doença fatal, e está em estado terminal. Decidiu,
então, desde que soube do mal que a afligia, dedicar-se apenas
às coisas costumeiras e gostosas da vida sem apegar-se a nada.
Tanto que Keanu é, como ela mesma diz, seu "novembro".
Houve um "outubro", haveria um "dezembro". O primeiro
filme é uma comédia, o segundo é um dramalhão.
Mas a única coisa que se mantém de um filme pra outro é
a lógica boba, a obviedade (sabe-se desde cedo tudo que vai acontecer,
e o filme não faz nada para que essa obviedade seja agradável
ou ao menos bem filmada) dessa luta entre um personagem que encarna o
vitalismo contra outro que encarna o pragmatismo e o darwinismo social
do neo-yuppismo. Ficando sempre no meio de duas oportunidades não
realizadas, podemos fazer uma analogia que respeita a lógica de
Doce Novembro: o filme é um Psicopata Americano que
acaba se revelando um tremendo Outono em Nova York. Perda de tempo.
Ruy Gardnier
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