Chocolate,
de Lasse Hällstrom
Chocolat, EUA, 2000
Partindo da dificuldade
óbvia que é a de escrever sobre um filme morno e sem tempero
como Chocolate, chega-se realmente à conclusão de
que nada explica o destaque ganho por esse filminho (do sueco sem graça
Lasse Hallstrom) além da impressionante supercampanha de divulgação
que seus produtores e distribuidores promoveram. O resultado é
simples: fora as 5 indicações ao Oscar, Chocolate
não tem nada de nada de nada!
Perdido
diante dessa realidade tão desanimadora, resta aqui a quem tenta
falar sobre o filme, uma passada rápida e desanimadora sobre suas
5 tentativas de estatueta...
Roteiro
adaptado: olha, ou o livro ( de Joanne Harris) que deu origem ao roteiro
é muito fraquinho e o roteirista deu um show tirando leite de pedra,
ou essa indicação é um absurdo gritante: lugares
comuns ao lado de lugares comuns, embalados em lugares comuns. E ainda
aquela história dos Maias... E o canguru!...
Trilha
sonora: fora a ridícula cena em que Deep aparece vestido de cigano
tocando blues em seu violão, a trilha do filme realmente está
escondida... Não fede, como acontece com o roteiro, mas também
não cheira...
Atriz:
Binoche realmente se desdobra para tirar energia de uma personagem mal
construída por roteiro e argumento inconsistentes. Esbanjando espontaneidade,
a francesa é um dos poucos fatores de interesse em Chocolate,
conseguindo mesclar muito bem insegurança e sensualidade sem cair
em clichês arquetípicos.
Atriz
coadjuvante: Dench é responsável pelas melhores cenas do
filme, juntamente com o menino ( Aurelien Parent-Koening) que descobrem
(avó e neto) uma amizade renovadora, sem cair em interpretações
melosas ou caricatas ( coisa que o roteiro bem deu uma forcinha para que
acontecesse...).
Filme:
Sem comentários... Fora as imagens dos quitutes de Binoche (que
tiram suspiros da platéia) , o filme é um zero à
esquerda. Não há em Chocolate nada que o diferencie
dos inúmeros filmes que já mesclaram metáforas gastrômicas
com a descoberta dos prazeres da vida... Trata-se de voltar a um mesmo
lugar sem sequer fazer uma releitura, ou mostrar criatividade narrativa.
Um filme completamente desnecessário, inócuo, que dá
aquela sensação enorme e profunda de perda total e absoluta
de tempo...
(O trailler
do chocolate Suflair projetado antes do filme já era mais do que
suficiente...)
Felipe
Bragança
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