A Onda dos Sonhos,
de John Stockwell

Blue crush, EUA, 2002


Paisagens do Havaí, belas meninas de biquíni o tempo todo, as cenas sempre plasticamente belas de surfe... o que há para não se gostar em A Onda dos Sonhos? Bom, praticamente tudo, e principalmente o fenomenal talento do diretor de pegar essas premissas e, não satisfeito em desperdiçá-las, conseguir fazer um autêntico filme chato pra diabo.

O principal defeito do filme é não perceber (ao contrário do nosso Surf Adventures, por exemplo, e do Endless Summer bem antes dele), que o surfe precisa de pouco mais do que um approach documental e uma sensibilidade ao fato de que, além das belas cenas no mar, é um muito mais do que um esporte, um estilo de vida. Estilo este que, mesmo os não praticantes, estão mais do que dispostos a sentar na cadeira e invejar, por pelo menos hora e meia. Pois o filme tenta pegar o conceito de "filme de surfe", e enquadrá-lo nas regras de roteiro dramático mais chinfrins, criando uma trama que não deixa de ser banal nem por um segundo, vivida por personagens absolutamente desinteressantes e completamente irreais. O resultado é o mais completo desinteresse pelo que se passa na tela em 90% do tempo. Os outros 10%, você adivinhou, a câmera está no mar, e são as cenas de surfe.

Como diria um amigo meu: custa colocar a câmera quietinha, mostrar as ondas, as menininhas, o Havaí? Custa?

Eduardo Valente