Asterix
e Obelix Contra César,
de Claude Zidi
Asterix et Obelix Contre César,
França/Alemanha/Itália, 1999
Parei para pensar quais seriam as formas
de se filmar Asterix. Seria melhor fazer por partes, separando-se por
episódios? Talvez fosse mais apropriado inventar novas estórias,
que não existem impressas. Quem sabe se conseguiria um efeito melhor
apenas filmando as estórias já existentes mas com uma ambientação
mais realista e independente da elaborada nos quadrinhos.
Porém, a escolha de se filmar da maneira
como nos é mostrada deu ao filme um caráter definitivo que
dificilmente seria conseguido caso fosse feito de outra forma.
Asterix e Obelix... é um filme
que foi imaginado para resumir, em uma única parte, todos as principais
características, curiosidades e os mais importantes traços
de vários volumes de Asterix publicados. Todos os personagens significativos,
situações e lugares conhecidos dos leitores antigos estão
lá.
Nesse ponto, o filme é muito bem idealizado,
em todos os sentidos. O roteiro é elaborado de forma a permitir
que toda uma tradição dos quadrinhos coubesse em duas horas
de projeção. Os cenários são extremamente
fieis, fazendo com que os leitores acostumados sintam-se em casa. E é
claro, os personagens são idênticos aos desenhos. Chega a
ser intrigante. O trabalho de seleção de elenco deve ter
sido muito rigoroso e o resultado é assustador. A semelhança,
certas horas, é tanta, que dá para se desconfiar que realmente
os franceses já foram um dia gauleses como Uderzo e Gosciny imaginaram.
Para os fãs, os que conhecem toda
a obra impressa e já sabem de cor estórias, é um
filme bastante divertido. Serve para ver situações apenas
imaginadas ganharem vida e existirem como um fato corriqueiro. Para isso,
não se poupou nos efeitos especiais. São justamente eles
que permitiram essa aproximação total com os desenhos. Os
romanos voam, os druidas fazem mágica e os javalis parecem bastante
apetitosos. A recriação, do universo desenhado, para a tela
funciona muito bem.
O debate que o filme levantou em torno do
cinema francês acaba sendo um pouco exagerado. O preço da
produção (algo em torno de 40 milhões de dólares)
a coloca em patamares holywoodianos, fugindo bastante da tradição
cinematográfica da França com seus filmes baratos e temáticas
bastante diferenciadas do cinema americano. Mas, isso não significa
que esse será o padrão adotado daqui para a frente para
os filmes franceses, justamente porque, nesse caso, esse gasto se justifica.
O trabalho de se filmar uma obra como Asterix, com tradição
tão importante, não seria válido sem um esquema que
permitisse uma transposição fiel. Coisa que só o
dinheiro pode fazer.
João Mors Cabral.
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