60 Segundos,
de Dominic Sena


Gone In Sixty Seconds, EUA, 2000

Um perito ex-ladrão de carros tem que voltar à atividade que o tornou célebre para salvar a pele do irmão, que tentou imitá-lo e acabou metendo os pés pelas mãos. Motivos para instalar na trama a história do amor fraternal, da "volta ao lar", do reencontro com os antigos amigos – hoje todos tornados "pessoas de bem" – e de filmar a velha geração (sempre sóbria) e a nova, arrogante como gangsta rappers. Mas nada disso parece muito importante sob os olhos de Dominic Sena, muito menos a beleza de Angelina Jolie. Sena prefere nos mostrar uma ladainha tênue que tem por motivo apenas filmar continuamente o amor profundo que os ladrões têm pela potência dos carros – a única sutileza do filme é o fato de os organizadores da missão transformarem cada carro a ser roubado no nome de uma mulher. Provando que o assunto do filme não é o desejo – nem o de Nicolas Cage pelas pessoas que ele reencontra muito menos o desejo pelos carros, e principalmente por Eleanor, carro que ele "nunca conseguiu roubar" –, o filme se desfecha com uma perseguição de carros + justiça derradeira que é difícil de suportar de tão mal filmada e pouco interessante que é. Impossível não lembrar de Crash, verdadeiro filme-fetiche, que dá ao carro um verdadeiro estatuto de desejo. Em 60 Segundos, o que conta é mais a economia de tempo do que o desejo. E nada menos sedutor do que a economia do tempo.

Ruy Gardnier