Fu Manchu Segundo Jess Franco
FU MANCHU E O BEIJO DA MORTE (1968)
aka Sax Rohmer's The Blood of Fu Manchu
aka Kiss and Kill
aka Fu Manchu and the Kiss of Death
aka Fu Manchú y el Beso de la Muerte
aka Against All Odds
SAX ROHMER'S THE CASTLE OF FU MANCHU (1969)
aka Assignment Istanbul
aka The Torture Chamber of Fu Manchu
aka El Castillo de Fu-Manchú
A mais diabólica personificação do perigo
amarelo!
O Dr. Fu Manchu, o gênio do mal criado pelo escritor
inglês Sax Rohmer (o exótico pseudônimo adotado por
Arthur Henry Ward) fez uma rápida transição das páginas
para as telas. A estréia cinematográfica desse legítimo
representante dos medos e paranóias de toda uma geração
de ocidentais data de 1921, quando foi interpretado por Harry Agar-Lyons
em dois seriados mudos, menos de dez anos depois do lançamento
de sua primeira coletânea de contos na Inglaterra, The Mistery
of Dr. Fu Manchu (The Insidious Dr. Fu Manchu nos EUA ).
Apesar de pouco ter em comum com a descrição
física do personagem de Rohmer, foi o gorducho Warner "Charlie
Chan" Oland quem "herdou" o personagem de Lyons, estrelando
três filmes para a Paramount e inaugurando a fase sonora do vilão.
Logo em seguida, a MGM investiu pesado em A Máscara de Fu Manchu
(The Mask of Fu Manchu, 1932), trazendo Boris Karloff na pele
do temível doutor. Na
década de 40, foi a vez de Henry Brandon, que não fez feio
no excelente seriado da Republic Os Tambores de Fu Manchu (The
Drums of Fu Manchu, 1940) e do espanhol Manuel Requena, astro do
obscuro El Otro Fu-Man-Chú, dirigido por Ramón
Barreiro em 1946. Após esta incursão espanhola, o personagem
é esquecido pelos produtores e apenas duas versões televisivas
de Fu Manchu aparecem nos anos 50, a primeira com John Carradine e a segunda
com Glen Gordon no papel do vilão.
Fu Manchu só voltaria às telas de
cinema quase 20 anos depois, quando o produtor Harry Alan Towers, até
então responsável por alguns poucos filmes e seriados para
a TV inglesa, ressuscita o gênio do crime em grande estilo. Towers,
um fã confesso de Rohmer e de literatura pulp em geral, percebendo o sucesso estrondoso
dos filmes da série 007 com seus exóticos vilões,
decide investir pesado na nova aventura do perigo amarelo – como
jamais voltaria a fazer em sua longa carreira. Não bastasse a agressiva
campanha publicitária, Towers contrata profissionais competentes,
como o talentoso artesão Don Sharp (de O Beijo do Vampiro,
magnífica produção da Hammer) e um elenco de peso
– que incluía Nigel Green e o inglês Howard Marion-Crawford,
além de atores alemães veteranos dos krimis (thrillers alemães baseados
na obra de Edgar Wallace) como Karin Dor e Joachim Fuchsberger capitaneado
pelo inigualável primo de Ian Fleming, Christopher Lee, no papel
de Fu Manchu.
O resultado, The Face of Fu Manchu (1965),
uma mistura de Rohmer e Fleming (imagine James Bond na década de
20) escrito pelo próprio Towers sob seu tradicional pseudônimo,
"Peter Welbeck", mostrou-se lucrativo o suficiente para dar
origem a quatro seqüências: a primeira, The Brides of Fu
Manchu (1966), também dirigida por Sharp, traz Douglas Wilmer
substituindo Green no papel do arquiinimigo de Fu Manchu, o Dr. Nayland
Smith; Wilmer ainda repetiria o papel no terceiro filme da série,
The Vengeance of Fu Manchu, de 1967, dirigido por Jeremy Summers.
A essa altura a série já dava sinais
de cansaço. O retorno nas bilheterias diminuía a cada nova
aventura e Towers já não podia se dar ao luxo de um orçamento
tão generoso quanto o de Face of Fu Manchu. Com bem menos
tempo e dinheiro para filmar, que outro diretor se adequaria tão
bem a essa árdua tarefa senão o espanhol Jesús Franco
Manera, mais conhecido como "Jess Franco"?
Em Franco, Towers encontra seu parceiro ideal; gourmet, músico
de jazz e acima de tudo bon vivant,
o espanhol é o AUTOR de centenas de filmes – dentre os quais
dezenas de versões alternativas de um MESMO filme, o que torna
a sua filmografia praticamente impossível de ser compilada cujos
resultados invariavelmente vão do lixo absoluto a obras primas
incontestáveis. Com sua rapidez e economia habituais, Franco por
várias vezes surpreendia produtores (como o suíço
Erwin C. Dietrich, com o qual manteve uma igualmente duradoura parceria)
ao rodar dois filmes quando era inicialmente contratado para fazer apenas
um, usando a mesma equipe e trabalhando nas mesmas locações,
sem qualquer tipo de acréscimo no orçamento ou no cronograma
de filmagens!
A parceria Towers-Franco dá origem ao quarto
filme da série, Fu Manchu e o Beijo da Morte (1968), que,
para desgosto de Lee, baseia-se novamente num roteiro do próprio
Towers, com apenas algumas semelhanças com os textos originais
de Rohmer. Nele, os obstinados Fu Manchu (Lee) e sua filha Lin Tang (a
maravilhosa Tsai Chin, presença assídua desde o primeiro
filme da série) montam sua base de operações em uma
caverna na América do Sul, de onde pretendem, mais uma vez, dominar
o mundo. O plano é engenhoso: dez belas mulheres são seqüestradas
e infectadas com o poderoso veneno da "cobra negra", sendo posteriormente
enviadas para diversas capitais do mundo para administrar o "beijo
da morte" em personalidades de renome mundial. Obviamente, um dos
infelizes escolhidos é o incansável arquiinimigo de Fu,
Nayland Smith (Richard Greene, substituindo Wilmer), que após ser
beijado em sua residência londrina por Celeste (a linda Loni Von
Friedl, do ótimo spaghetti western I'll Sell My Skin Dearly,
de Ettore Maria Fizzarotti), percebe que sua única chance de cura
é partir imediatamente para a América do Sul para localizar
o esconderijo de seu velho rival. Cego e a cada dia mais fraco, Smith
e seu fiel assistente Dr. Petrie (Howard Marion Crawford, também
fazendo sua quarta aparição na série) são
ajudados na difícil missão pela enfermeira Ursula (Maria
Rohm) e pelo arqueólogo Carl Jansen (Götz George) e ainda
tem de enfrentar os inúmeros perigos das florestas sul americanas,
na forma do bando de Sancho Lopez (o espanhol Ricardo Palacios, com direito
a chapéu de cangaceiro).
Certamente o mais fraco exemplar da série,
Fu Manchu e o Beijo da Morte mostra um Franco contido e discreto,
muito distante de seus trabalhos mais autorais. Ainda que a trama aparentemente
desse margem para que Franco, um fã confesso da obra de Rohmer,
pudesse mais uma vez tornar públicas suas obsessões com
sexo, sadismo e morte (a idéia do exército de garotas hipnotizadas
distribuindo beijos da morte pelo mundo afora remete a outros filmes do
espanhol), o resultado é curiosamente impessoal.
Os fãs de Franco sabem que o diretor nunca
foi afeito a seqüências de ação e as deste filme,
canhestras em sua maioria, provam isso. O final, quando o esconderijo
de Fu Manchu é destruído, é especialmente insatisfatório,
tamanha a facilidade com que Nayland Smith e cia. se livram do gênio
do mal.
Ainda assim, o filme guarda alguns atrativos, especialmente
para os fãs brasileiros. Apesar da ação se passar
na fronteira imaginária entre "Melia" e "Santa Cristabel"
(em determinado momento, Smith diz que Fu Manchu está escondido
"em uma determinada região da América do Sul, protegido
de um lado pelos Andes e do outro pelo Mato Grosso"), Jess e sua
equipe desembarcaram no Rio de Janeiro, onde o filme foi praticamente
todo rodado.
Em uma longa conversa, a atriz e produtora Olívia
Pineschi (que aparece como uma cigana nas seqüências onde "Melia"é
invadida pelo bando de Sancho Lopez) me relatou que Franco estava "impossível"
em sua passagem por terras cariocas. Encantado com a "anatomia"
das brasileiras, o erudito Jess chegou a convidar algumas das atrizes
a acompanhá-lo em sua volta para a Espanha. Olívia também
me conta que, além da Floresta da Tijuca, que serviu como lar para
Fu Manchu, Franco e sua gangue também rodaram cenas no Parque Lage
(como o "Palácio do Governador" de "Santa Cristabel")
e nos estúdios da Atlântida, onde foram filmados alguns dos
interiores da caverna do perigo amarelo, com suas masmorras de paredes
mal iluminadas.
Esse ambiente quente e úmido certamente
não deve ter sido dos mais agradáveis para Lee, que, ao
contrário do que é dito em algumas resenhas, veio para o
Rio de Janeiro junto com o resto da equipe. Nas palavras de Olívia,
Lee, apesar de "muito simpático", reclamava bastante
da pesada maquiagem, que praticamente o impedia de movimentar os olhos.
Mesmo com o conseqüente cansaço em virtude dessas limitações
e do roteiro de Towers, que pouco lhe dá para fazer, Lee mais uma
vez se sai maravilhosamente bem no papel, transformando cada linha de
diálogo numa ameaça para seus adversários. Um dos
maiores crimes da dupla Franco e Towers é o completo desperdício
do potencial de Tsai Chin, que aqui é relegada a dar meia dúzia
de ordens para os capangas de seu pai.
De longe, o personagem mais interessante do filme
é o do bandido Sancho Lopez, vivido pelo veterano dos "spaghetti
westerns" Ricardo Palacios, sem dúvida o mais entusiasmado
de todos os atores. O problema é que Franco provavelmente esqueceu
de avisar a Palacios que ele agora estava atuando em um filme de Fu Manchu!
Ótimo, mas totalmente deslocado, Lopez, um misto de bandido mexicano
e cangaceiro, parece ter acabado de sair do set de filmagem de um dos
inúmeros faroestes italianos no currículo de Palacios.
Franco nunca demonstrou muito respeito pelos "mocinhos"
de seus filmes e Fu Manchu e o Beijo da Morte não é
exceção. Greene (de Contos do Além, de Freddie
Francis) no papel de Nayland Smith, passa a maior parte do filme imóvel,
deitado numa cama e George, no papel do obrigatório "herói
ocidental", o aventureiro/arqueólogo Carl Jansen, também
não causa maior impacto, apesar de se sair bem nas cenas de ação.
O maior destaque fica por conta de Marion-Crawford, novamente encarregado
de injetar humor na narrativa. Na pele do Dr. Petrie, Crawford tem as
melhores frases do filme, todas as custas de imortais hábitos britânicos,
como a sua constante irritação com a falta de chá
quente na selva!
Quanto ao elenco brasileiro, Frances Kahn e Isaura
de Oliveira são as únicas a receberem crédito. Kahn
é Carmen e Isaura é Yuma, ambas integrantes do grupo de
dez mulheres selecionadas por Fu Manchu para levar a cabo seu diabólico
plano de dominação mundial. Isaura recebe atenção
especial de Jess em uma longa seqüência onde tenta seduzir
Sancho Lopez. Dentre os atores não creditados, além de Olívia
(que ao longo de sua extensa carreira também atuou em outras produções
estrangeiras como Love in the Pacific (1970), de Zygmunt Sulistrowski
e 99 Women (1969), outro filme de Franco com cenas rodadas no
Rio), aparecem Oswaldo Loureiro, como o chefe dos capangas de Fu Manchu
(usando bandana vermelha e trajando um roupão preto) e o veterano
Rodolfo Arena, como uma autoridade de "Melia" rapidamente despachada
pelo bando de Lopez.
A versão aqui resenhada é o impecável
DVD americano, parte da CHISTOPHER LEE COLLECTION, lançada pela
Blue Underground, companhia do cineasta William Lustig. O filme, uma eterna
vítima de versões cortadas e em full screen, que destruíam
alguns dos seus poucos charmes, provavelmente nunca foi visto assim, com
imagem cristalina em widescreen anamórfico (1:66:1), que realça
o colorido de algumas das locações cariocas e alguns belos
enquadramentos do fotógrafo Manuel Merino; o som é alto
e claro, evidenciando a inadequada trilha do parceiro habitual de Franco,
Daniel White. Os extras são igualmente impecáveis, a começar
pelo documentário, contendo entrevistas recentes de Franco, Towers,
Lee, Chin e Shirley Eaton. Franco aparece dizendo que vir ao Brasil foi
como realizar um sonho enquanto Lee confirma sua irritação
com a maquiagem e com as liberdades tomadas por Towers na hora de adaptar
os originais de Rohmer. Já Eaton (mais famosa como a "bond
girl" que morre asfixiada por ouro em 007 Contra Goldfinger),
aparentemente não quer ver Towers... nem pintado a ouro. Apesar
de receber crédito proeminente, ela aparece em uma única
e rápida cena de Fu Manchu e o Beijo da Morte... roubada
de The Girl From Rio, outra parceria Towers-Franco rodada simultaneamente
a Beijo da Morte no Rio de Janeiro! Nesse último, Eaton
interpreta Sumuru, uma espécie de Fu Manchu de saias, personagem
também criado por Sax Rohmer. Assim, Eaton, que na época
não foi avisada do "roubo" (e muito menos paga), virou
estrela de um filme no qual não atuou!
Para o quinto e último filme da série,
The Castle of Fu Manchu (1969), rodado logo em seguida a Fu
Manchu e o Beijo da Morte, Towers e Franco trocaram o ensolarado
Rio de Janeiro por Istanbul, Turquia e Barcelona. Novamente baseado num
roteiro original de Towers, Castle é superior a seu antecessor,
ainda que o produtor tenha obrigado Franco a trabalhar com um orçamento
espartano; a pobreza é tamanha que faz com que até Fu
Manchu e o Beijo da Morte pareça uma super produção
em comparação.
Desta vez, Fu Manchu (Lee) e sua filha Lin Tang
(Tsai Chin), renascidos das cinzas, pretendem dominar o mundo através
de um bizarro plano que consiste no congelamento da água, em qualquer
temperatura, quando misturada a cristais de ópio! Ainda antes dos
créditos iniciais, Fu Manchu dá a sua primeira demonstração
de poder, destruindo um luxuoso transatlântico nos mares do Caribe.
Mas como realizar uma seqüência desse porte em meio a mais
absoluta escassez de recursos? Simples: roube todas as cenas do naufrágio
de Somente Deus por Testemunha (A Night to Remember,
1958), clássico de Roy Ward Baker sobre o desastre do Titanic!
Pai e filha invadem o castelo do governo em Istambul (na verdade
um imenso estoque de ópio) com o auxílio dos homens de Omar
Pasha (José Manuel Martín), para logo depois traí-los,
mantendo o braço direito de Pasha, a bela Lisa (Rosalba Neri),
como refém. Apesar
do diabólico plano já ter se mostrado eficiente na abertura
do filme, Fu Manchu e Lin Tang seqüestram o Professor Heracles (Gustavo
Re) a fim de aperfeiçoá-lo,
aparentemente sem se dar conta de que o cientista está à
beira da morte, devido a um sério problema cardíaco. Para
curá-lo, eles então ordenam a captura do médico do
professor, Dr. Kessler (Günther Stoll) e de sua assistente, a enfermeira
Ingrid (Maria Perschy), que são obrigados a realizarem um transplante
de coração. Para azar de Fu, Kessler era amigo de Nayland
Smith (Richard Greene, reprisando o papel), que desconfiando da situação,
parte para Istambul, onde, com a ajuda do Dr. Petrie (novamente interpretado
pelo impagável Howard Marion-Crawford), de Pasha e do General Hamid
(o próprio Franco), irá mais uma vez por fim as terríveis
maquinações do perigo amarelo.
Um filme que não dá grande atenção
para suas personagens femininas e onde não há nenhuma temática
sexual em evidência não pode ser considerado como um verdadeiro
filme de Franco. É curioso ver como Jess praticamente se esquece
de "Lisa" (vivida pela musa do cinema italiano Rosalba Neri)
depois que a personagem é feita como refém, já que
seu papel, uma criminosa obviamente lésbica, parece feito quase
sob medida para um de seus filmes. Mas se Castle of Fu Manchu
ainda está muito distante de obras mais autorais de Franco como
Doriana Grey (1976), aqui ele se mostra muito mais à vontade
do que em Fu Manchu e o Beijo da Morte, livre das amarras que
o limitaram anteriormente a realizar um filme de aventuras mais convencional.
Provavelmente, essa maior liberdade conferida por Towers foi uma conseqüência
não só do minúsculo orçamento, mas também
do fato de Franco poder ter voltado a filmar na belíssima Istambul,
cidade com a qual já estava familiarizado e que serviu de palco
para vários de seus filmes (ainda que o castelo turco de Fu Manchu
tenha sido rodado no Parque Güell, em Barcelona). É fácil
observar como Franco e seu fotógrafo Manuel Merino tiram muito
mais proveito das paisagens turcas do que das locações cariocas
vistas no quarto filme da série. Nada mais apropriado: um lar oriental
para um vilão oriental.
Castle, um delicioso "samba do crioulo
doido" cinematográfico, mistura ingredientes de estórias
em quadrinhos com literatura pulp e todos os clichês possíveis
e imagináveis do cinema de horror B. Não bastasse o inacreditável
plano de Fu Manchu e as cenas roubadas de outros filmes, os "laboratórios"
de pesquisa são equipados com meia dúzia de balões
volumétricos e condensadores de refluxo cheios de substâncias
coloridas borbulhantes, personagens são congelados e seqüestrados
em caixões (!) e o (bem sucedido!) transplante de coração
mencionado acima parece saído de um filme de terror mexicano de
René Cardona Jr., tamanha a simplicidade do "centro cirúrgico"
no qual é realizado (ainda que Jess e cia. consigam minimizar os
óbvios cortes nos gastos com cenografia com uma espertíssima
montagem). As masmorras do castelo de Fu Manchu são iluminadas
de forma quase monocromática, banhadas alternadamente nas cores
mais vibrantes já vistas desde um filme de Mario Bava, com Franco
e Merino dando preferência para o verde e o lilás, conferindo
um clima de pura psicodelia a ação.
O final é, novamente, pouco convincente,
mas a essa altura, o leitor provavelmente já deve ter captado o
"espírito" do filme. Apenas sente na poltrona, relaxe
e aproveite a oportunidade de assistir a última atuação
do grande Lee no papel do perigo amarelo. O resto do elenco se sai igualmente
bem, apesar de que, tanto Neri quanto o excelente Martín (de Cut
Throats Nine, já resenhado por este que vos escreve) mereciam
personagens um pouco mais bem desenvolvidos, com mais tempo em cena para
ambos.
A versão aqui resenhada é o DVD
da Blue Underground, parte integrante da CHRISTOPHER LEE COLLECTION (o
filme também pode ser adquirido separadamente, da mesma forma como
Fu Manchu e o Beijo da Morte). É quase desnecessário
dizer, mas, se o leitor tem interesse no filme, a única forma de
vê-lo é o DVD, sem cortes (versões anteriores faziam
ainda menos sentido do que esta versão integral, devido a múltiplos
cortes), em widescreen anamórfico (1:66:1) e com qualidade de imagem
e som impecáveis. Completam o pacote os magníficos extras,
com trailers, stills, material promocional e um documentário com
os mesmo participantes citados anteriormente (com a exceção
de Shirley Eaton).
A promessa de volta feita por Fu Manchu ao final
de cada filme desta vez não se concretizou, já que, após
Castle, o personagem simplesmente desapareceu das telas. Em 1980,
Peter Sellers, em seu último papel, encarnou tanto Fu quanto Nayland
Smith na comédia O Diabólico Fu Manchu (The
Fiendish Plot of Dr. Fu Manchu), de Piers Haggard, enquanto o espanhol
Alex de la Iglesia alimentou durante algum tempo a esperança de
fazer uma nova versão cinematográfica das aventuras do vilão
(que, infelizmente, nunca se materializou). Franco escalou sua mulher,
Lina Romay, na pele da filha de Fu Manchu em Esclavas del Crimen
de 1986 e Towers, ainda na ativa, aparentemente está de volta com
uma nova versão televisiva de Sumuru, dirigida pelo sul
africano Darrell Roodt.
Enquanto isso, o perigo amarelo provavelmente espera
nas sombras, bolando seu mais novo plano... The World shall hear from me again!
Fábio Vellozo
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