Sexo
por Compaixão,
de Laura Mañá
Sexo por compasión,
Espanha/México, 2000
Chegando nestas bandas
com o aval do público do Festival de Malaga, com direito a selo
estampado com o velho clichê "grande revelação do
ano" da Espanha, era de se esperar mais desta estréia na direção
da atriz Laura Mañá.
Supostamente uma comédia
dramática na linha de um Trueba ou o que o valha, Sexo por Compaixão
conta a história de Dolores, uma senhora de meia-idade abandonada
pelo marido, que desenvolve um talento natural para a prática do
bem consolando os homens de seu vilarejo num quarto situado nos fundos
da bodega local, devolvendo, assim, sentido à noção
de comunidade perdida há muito tempo pelos moradores locais. Rebatizada
de Lolita, a senhora termina por entrar em conflito com o pároco
da região quando ela passa a desenvolver um certo gosto para a
coisa.
Sem se localizar satisfatoriamente
em qualquer espécie de registro que parece se propor em momentos
diversos (conflitos de fé da protagonista, crônica dos habitantes
da vila), Sexo por Compaixão repetirá à exaustão
(literalmente) os mais diversos clichês do melodrama latino-americano
e de um certo cinema tipo exportação cujo modelo é
Como Água para Chocolate (descontada a presença do
relato histórico neste último): exotismo na escolha de ambientes,
erotismo pretensamente libertário, sexismo envernizado, personagens
excêntricas, situações bizarras, retrato pitoresco
do povo latino e um realismo mágico de ocasião. Como se
esta mistura desbragada já não fosse excessivamente vulgar,
há de se somar a falta de habilidade na condução
dos atores, uma montagem embaraçosa e a péssima utilização
da trilha sonora.
Há, contudo,
quem enxergue Laura Esquivel, García Marquez e até Buñuel
nesta bagunça entediante.
Fernando Veríssimo
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