Jalla!
Jalla!,
de Josef Fares
Jalla! Jalla!, Suécia,
2001
Três amigos
trabalham no departamento de parques e jardins de um subúrbio sueco.
Com um pitoresco carrinho, eles percorrem os parques da cidade para aparar
as plantas e retirar as "sujeiras" deixadas pelos animais nos
canteiros. Um dos amigos é mudo e, talvez porque o filme dê
muita atenção à palavra falada, só aparece
em situações anedóticas fazendo caras e bocas; Mans
é um sueco puro-sangue que não consegue mais ter ereções
com sua namorada e, desesperado por sua nova condição, decide
tentar mil maneiras de voltar à antiga forma; e há Roro,
filho de uma família libanesa morando há anos na Suécia,
que enfrenta problemas quando seus pais decidem escolher para ele uma
mulher da mesma comunidade para casar, sem saber que ele já tem
uma namorada de cabelos bem loirinhos. Jalla! Jalla! (a tradução
é algo como "rápido! vambora!") segue a vida desses
personagens e das pessoas que aparecem em suas vidas, como Yasmine, a
pretendente de Roro, que não quer casar mas precisa, sob risco
de ser retornada para sua terra natal.
Comédia rasgada
com moral da hsitória e intenções edificantes, Jalla!
Jalla! cruza inúmeras vezes, em ida e volta, a estrada que
vai do simpático ao patético. A sensibilidade que o filme
parece demonstrar no trato com Roro e sua família simplesmente
desaparece quando vemos Mans com roupas sado-masô ou com um aparelho
de sex-shops para provocar-lhe ereções. Nem se fale de uma
tola intriga que aparece lá pro meio do filme envolvendo um cachorro
chamado Rambo e seu dono raivoso, que transforma o filme numa espécie
de Corra Loca Corra estrelado por Adam Sandler.
Se há um lado
agradável e interessante em Jalla! Jalla!, ele está
na maneira com que o diretor-roteirista Josef Fares (ele mesmo em algum
lugar entre o Líbano e a Suécia) mistura as culturas dos
dois países, entrelaça os costumes ocidentais com os do
Oriente Médio e acaba fazendo um elogio da miscigenação
e da coexistência pacífica em tempos de recrudescimento do
racismo e do ódio contra imigrantes na Europa. Óbvio, isso
é insuficiente para realizar algo além do simpático.
O trabalho com a mistura de comédia de costumes com o pastelão
se revela inconsistente para dar unidade ao filme, e mina unm pouco da
ternura que o filme aos poucos constrói.
Ruy Gardnier
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