Aniversário de Casamento,
de Jennifer Jason Leigh e Allan Cumming


The anniversary party, EUA, 2001

Aniversário de Casamento é um filme sobre um grupo de amigos que se encontra em uma festa para celebrar a união de cinco anos de um casal inconstantemente feliz. Aparentemente nada de muito novo. Porém o filme lida com alguns estereótipos de forma bem interessante; seus personagens são bem desenvolvidos e suas relações também. Não propõe uma solução para nenhum problema e não põe um ponto final em nada. Apenas trata de um momento que já será outro amanhã.

A partir deste casal (Sally, uma atriz de Hollywood, e Joe, um escritor de sucesso) teremos um encontro entre o que poderíamos chamar de uma elite artística americana. Cineastas, atores, escritores, fotógrafos e músicos, juntos para homenagear um casal que quer estar bem, mas não necessariamente está. Todos, porém, por um momento acreditam na concretude dessa possibilidade. Essa homenagem talvez seja a cena mais impressionante do filme: amigos reúnem seus talentos artísticos e apresentam, de forma contínua, uma ode à união do casal, com pequenos shows de música, dança, declamação e breves constrangimentos. Um casal que até pouco tempo estava passando por uma crise. Esta crise é lembrada pelos amigos também como uma forma de se comemorar os novos tempos, a reconciliação após um ano de afastamento; ou, talvez, somente aquela noite.

Fora isso, o filme faz uso de situações bastante clichê, o momento em que todos tomam êxtase, os momentos de crise profissional, os momentos de ciúmes de antigos relacionamentos... mas que são revertidas de maneira a desenvolver os personagens. Revelando características muitas vezes sutis de determinados relacionamentos.

O filme de Jennifer Jaison Lee e Alan Cumming surpreende por tratar de um assunto batido de uma forma que valorize a construção de personagens (a direção dos atores sustenta muito bem o filme) de forma que eles se revelem de uma maneira gradual e contínua, sem interrupções. A vida continuará depois da festa, os personagens também seguirão suas vidas. Por isso o filme não se prende a soluções de problemas (a interrupções), se prende somente a um momento, a uma passagem.

Marina Meliande