Leste/Oeste,
de Régis Wargnier
Est/Ouest, França/Rússia/Espanha/Bulgária,
1999
Estamos na frança
recém liberada, logo após a 2ª Guerra Mundial. Numa
sala, estão reunidos diversos cidadãos soviéticos,
que ouvem promessas de um importante membro do Partido
sobre como eles serão importantes para o mundo soviético,
etc. Logo após, na viagem para a União Soviética,
o filme nos mostrará o contrário: as pessoas não
têm a menor privacidade para uma "vida decente", há
espiões por toda a parte e todos os soviéticos da era Stálin
são fraudulentos (logo no começo, vemos um membro do partido
rasgar a nacionalidade francesa da protagonista).
Em todo o filme, vemos
o esfacelamento amoroso de um casal (Sandrine Bonnaire e Oleg Menshikov)
quando o marido começa a manter relações amigáveis
com os comunas malvados enquanto a esposa e seu filhinho são ameaçados.
Os dois começam a desenvolver relacionamentos paralelos; ele, por
sua vizinha de quarto, e ela, por um nadador que ela mais tarde ajudará
a fugir. Em meio à extrema maldade dos comunistas, que levarão
Sandrine Bonnaire a um gulag, o casal vai novamente se juntar até
o momento em que uma fuga será organizada e mãe e filho
conseguirão deixar o inferno.
Não é
possível compreender o motivo de tanta propaganda anti-comunista
(ou antes anti-stalinista) que sobressai no filme. Parece mais um desses
filmes canalhas de propaganda institucional, como Outubro (comunista),
O Triunfo da Vontade (nazista) ou O Nascimento de uma Nação
(capitalista). Se esses filmes foram realizados num momento de inflamação
ideológica, isso ao menos lhes confere a necessidade do engajamento.
Mas o que dizer dessa espécie ridícula de denúncia
se bem que quase todo filme de denúncia é ridículo
que manipula verdades e transforma o mundo soviético num
campo de concentração? Não que todos os objetos das
denúncias não tenham ocorrido. Mas é a total ausência
de um contraponto, da União Soviética vista como um inferno
total enquanto a França (que acabara de voltar de um período
de ocupação e colaboracionsimo nazista) é
vista como um paraíso.
Leste/Oeste
é filmado sem um mínimo de criatividade. Aquela postura
solene, quase militar de todo o cinema "de época", aquela
forma risível de se tratar em cinema "assuntos sérios"
retira todo o oxigênio do filme e deixa-o sem respirar. Catherine
Deneuve, em papel secundário, está à beira de sua
caricatura, com seu olhar profundo olhando para fora da tela como ela
faz desde... desde... desde... Juntando a absoluta falta de criatividade
narrativa com intenções políticas manipulatórias,
Leste/Oeste se afirma como o filme mais calhorda do festival por excelência.
Ruy Gardnier
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