First Love, Last Rites, de Jesse Peretz

(EUA, 1997)

De início, uma constatação: o cinema independente americano parece já ter delineado um vocabulário e um tema próprios e parece que ele não vai (e nem quer) mudar isso tão cedo. Esse vocabulário e esse tema estão especificamente definidos em Confiança, de Hal Hartley, fime de 1991. E daí em diante, excluindo Jim Jarmusch e Todd Haynes, todo cinema independente é plagiário e sem muita vontade de mostrar alguma coisa viva.

Exemplos não faltam, e First Love, Last Rites é certamente mais um deles. A temática da vida familiar, os dois jovens namorados com suas pressões familiares, de trabalho, as diferenças na convivência, o cotidiano – isso tudo que já vimos uma pá de vezes (juntamente com a música college que serve de fundo para o desenrolar) é o que mostra o diretor Jesse Peretz numa história de amor na Louisiana. Mas é uma falsa viagem em muitos sentidos, porque apesar do 'diferente' (pescar enguias, trabalhar na fábrica, aliás em cenas muito bonitas) reside o 'mesmo' da geração X universitária dos anos 90 (tédio, difícil conciliação, vida comum X vida individual, falta de perspectivas diante do mundo...).

Ou seja, como se o sentimento próprio dos universitários americanos fosse comum a todas as pessoas do mundo. É nesse esquema reducionista que First Love, Last Rites é contruído, e se Peretz consegue mesmo assim extrair disso alguma beleza, é uma beleza já vista e fraca de vontade.

Ruy Gardnier