História(s) do Cinema, de
Jean-Luc Godard
RETORNO A GODARD JOHAN VAN DER KEUKEN,
retratos e entevistaNOTAS PARA UMA DEFINIÇÃO
DE CINEMA REVOLUCIONÁRIOCinema nacional e crítica em discussão. As declarações do diretor Carlos Diegues animaram uma discussão tão velha quanto o nosso cinema: qual é a função da crítica de cinema no Brasil? Segundo o diretor de Orfeu, a crítica tem uma função perigosa e pode fazer com que um filme tenha fracasso de bilheteria. Ameaça ou pedido de cuidado, a declaração carrega em si um conteúdo perigoso: confundir avaliação crítica com propaganda jornalística. Se é verdade que os textos dos periódicos institucionalizados (a Veja mais uma vez na vanguarda) sempre nos brindam com pérolas de ignorância nacional, é bem verdade que certos filmes nacionais, inclusive os do sr. Diegues, gozam de certa reputação na classe jornalística que nada têm a ver com juízos estéticos. Como em toda polêmica midiática levantada pela nossa inteligentsia de classe média, nenhum dos lados tem razão. O jornalismo cultural dos jornais e periódicos brasileiros é mesmo medíocre e vazio, ao passo que o filme de Carlos Diegues é exatamente feito para o nível desses jornalistas. Mas a briga já está ganha e não é por nenhum desses dois, e sim pela megacampanha de publicidade que a Globo Filmes encampa. Bom para o cinema brasileiro? Só o futuro nos dirá. Enquanto isso, a melhor produção brasileira da década ainda se encontra reduzida às pequenas salas de cinema.
Quanto a nossas escolhas para esse mês, dois colossos: Johan van der Keuken e Jean-Luc Godard. Os dois tiveram parte importante de sua obra exibida em abril no Rio, e agora é a chance da troca, da aprendizagem. Aprender com Godard, a fazer política das coisas; com JvdK, aprender a nunca tentar dar a visão cimpleta de alguma coisa, pois tudo é fragmentado. Lição a Orfeu, então...
Ruy Gardnier
Contracampo é: Christian Caselli, Vágner Rodrigues, Alfredo Rubinato, Marlos Salustiano, Ruy Gardnier, Bernardo Oliveira, Rafael Viegas, Eduardo Valente, Jayme Chaves, Fabian Nuñez e Alexandre Monteiro.
Coordenação geral: Ruy Gardnier.